Familiares de Walewska Oliveira, campeã olímpica com a seleção brasileira de vôlei, estão em disputa com Ricardo Alexandre Mendes, viúvo da ex-jogadora, pelo posto de inventariante da herança deixada pela ex-atleta, que morreu em setembro, aos 43 anos. A pessoa determinada a exercer a função será a responsável por listar todos os bens e o nome dos herdeiros do patrimônio da atleta.
Segundo o site UOL, Walewska possuía 23 apartamentos e aplicações em dinheiro até 2019. Como ela não deixou testamento, o inventariante por direito é Ricardo, com quem a atleta foi casada por 20 anos. Ele havia pedido a separação pouco antes da morte da jogadora, mas o processo de divórcio não chegou a ser concluído. Não há um valor exato sobre o patrimônio da atleta.
A família de Walewska alega, porém, que Ricardo é "indigno" do posto de inventariante e pede à Justiça que a função seja assumida por Maria Aparecida Moreira, mãe e sócia da atleta em empreendimentos. Eles alegam que o marido traiu a jogadora, teve uma filha fora do casamento e também não ajudou a custear o enterro, realizado em Belo Horizonte. Segundo Ricardo, sua presença foi barrada pela família da jogadora.
—Os amigos mais íntimos e a família sabem que a maternidade sempre foi o sonho de Walewska e que a decisão de não ter filhos foi uma imposição de Ricardo, a qual Walewska acatou em nome do relacionamento que mantinham e ao qual sempre foi devotada. Tal descoberta havia deixado Walewska completamente destruída, o que será demonstrado e comprovado pelas cartas deixadas por ela e que estão em posse da polícia— diz trecho do documento publicado pelo portal.
Ainda de acordo com a publicação, Ricardo afirma ter o direito de ser o inventariante e apresentou à Justiça um certificado de seguro de vida em que Walewska indica o marido e a mãe como beneficiários. Ele pede, ainda, que Maria Aparecida divida com ele os pagamentos de um financiamento feito pelo casal para a compra de um apartamento.
Walewska morreu no dia 21 de setembro após cair do 17º andar em cima da sacada de um apartamento do primeiro andar do prédio onde ela morava. Uma unidade de resgate tentou reanimar a atleta, mas a morte foi constatada no próprio local. O caso foi investigado, sob sigilo, pelo 78º Distrito Policial (Jardins) e o inquérito policial foi relatado ao Poder Judiciário no fim de outubro.
Carreira de títulos pela seleção e clubes no Brasil e no Exterior
Natural de Belo Horizonte, Walewska começou sua carreira profissional no vôlei em 1995, atuando pelo Minas Tênis Clube, equipe na qual ficou até 1998, quando foi convocada pelo técnico Bernardinho pela primeira vez para a seleção brasileira. Ela tinha apenas 19 anos. A jogadora conquistou medalha de ouro com a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999. No ano seguinte, a central ajudou o Brasil a ficar com o bronze na Olimpíada de Sydney-2000.
Depois de um período longe da seleção, ela voltou a ser convocada pelo técnico José Roberto Guimarães e fez parte do time que ficou com o quarto lugar nos Jogos de Atenas-2004. A ex-central, campeã olímpica com a seleção de vôlei nos Jogos de Pequim, em 2008.
Walewska trabalhou com os dois grandes treinadores do vôlei brasileiro: Zé Roberto e Bernardinho. Ambos lamentaram a morte da atleta, bem como outras personalidades e entidades esportivas. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) afirmou que Walewska era uma "jogadora especial" e que sua trajetória no esporte será "sempre lembrada e reverenciada".
Depois que se aposentou, Wal, como era chamada, passou a ser "especialista em liderança e alta performance", como ela mesmo se descrevia, e lançou a biografia "Outras Redes", o documentário "O Último Ato" e o podcast OlympicMind. Publicada em janeiro deste ano, a biografia, cujo prefácio foi escrito por Bernardinho, conta as memórias e desafios que a jogadora enfrentou na vida e no vôlei, ao qual se dedicou por 30 anos.