A história de Matheus Lima, que nesta sexta-feira (3) conquistou a medalha de prata nos 400 metros com barreiras dos Jogos Pan-Americanos, é daquelas que merece ser contada. De família humilde em Fortaleza, o atleta de 20 anos precisou escolher entre o atletismo e o futebol para seguir carreira esportiva. Por detalhe, não foi jogar no Grêmio.
Correndo na raia 6, Matheus fez uma excelente prova e entrou na reta final brigando por um lugar no pódio. Com um sprint nos metros finais, superou o cubano Yoao Illas e assegurou a medalha de prata, ficando atrás apenas pelo jamaicanao Jaheel Hyde, que fez 49s19 contra 49s68 do brasileiro. O bronze ficou com Illas, que marcou 49s74. Outro brasileiro, Márcio Soares fez 50s80 e acabou em sétimo lugar.
Após a conquista da medalha, Matheus conversou com os jornalistas na zona mista e atendeu a reportagem de GZH para dar detalhes sobre sua carreira futebolística, que quase o levou ao Rio Grande do Sul.
É verdade que você começou no futebol e só depois foi para o atletismo?
Eu jogava futebol em Fortaleza e meu primeiro treinador me chamava para correr, mas eu nunca ia. Não queria saber de correr na rua, não. Mas um dia eu fui e acabei gostando. Isso me incentivou a querer estar no esporte. Chegou o momento em que eu estava nos dois e o treinador disse para que escolher um.
Mas você foi para o atletismo porque tinha mais talento ou porque era ruim de bola?
Não. Eu tinha um futuro promissor no futebol, mas escolhi o atletismo e deu certo. Eu jogava de ponta-esquerda, corria muito. Ganhei a primeira competição e peguei o gosto de ganhar. Eu corria 400 e 800 metros e, no ano retrasado, fiz teste nos 400m com barreiras, fiz tempo bom e acabei ficando.
Em que time você jogava lá no Ceará?
Eu jogava no Juazeiro, que tinha um convênio com o Grêmio Futcenter, em Fortaleza, uma escolinha que é conveniada com o Grêmio. Joguei até 2017.
E o qual é a melhor sensação: a de marcar um gol ou a de ganhar uma medalha no Pan?
Fazer gol é gratificante. Mas correr com atletas de nível mundial em um pan-americano é muito mais, porque é seu trabalho. Futebol é coletivo. Atletismo é você ou você. Eu marquei um golaço hoje (sexta-feira).
Conta um pouco mais sobre essa história do Grêmio. Como funciona esse convênio e o que não deu certo?
Em todo estado tem um convênio de escolinha e, no final do ano, tem a Copa Grêmio, com times de todo o país. Eu jogava em Fortaleza. A Copa é em Gramado, no RS, e um dos motivos de sair do futebol foi que numa Copa Grêmio não me levaram. Eu estava bem, fazendo gols no Estadual. Mas como os outros atletas tinham os pais mais presentes e que podiam acompanhar, e eu era de família bem pobre, que não podia me acompanhar, não me levaram. Esse foi um dos motivos de eu parar com o futebol e vingar no atletismo.
Mas você não foi por decisão da escola conveniada ou do Grêmio?
Do Grêmio mesmo, o clube.