Os tentáculos do império de Silvio Berlusconi se estendiam nos campos empresarial, político e também no futebol. Morto nesta segunda-feira (12) aos 86 anos, ele comandou o Milan com mão de ferro por 31 anos, transformando o clube em uma das grandes marcas do futebol mundial.
Os rossoneri já eram um dos grandes do futebol italiano e europeu, mas vivia tempos sombrios na década de 1980. Foram dois rebaixamentos à Série B e o temor de ir à bancarrota. Torcedores estenderam faixas pelas ruas de Milão pedindo que o empresário comprasse o clube. O desejo foi atendido e mudou a história milanista.
A aquisição no começo de 1986 trouxe uma visão mais empresarial à gestão do Milan. Uma série de ações foram tomadas para fortalecer a imagem do clube. Em campo, ousadia. Primeiro, aposta no novato Arrigo Sacchi como técnico. A um elenco que contava om jogadores da seleção italiana como Baresi, Maldini, Costacurta e Donadoni foi agregado um trio de holandeses. Gullit, o primeiro grande nome trazido por Berlusconi, Rijkaard e Van Basten levaram o time a dominar a Itália a Europa com atuações impactantes, como o 5 a 0 sobre o Real Madrid na Champions League na temporada 1988/89.
Nas três décadas sob os mandos de Berlusconi, o Milan venceu o campeonato italiano oito vezes. A Champions League foi vencida cinco. A fórmula era simples. O clube era sua paixão e esforços financeiros não eram medidos. A função da equipe não era gerar lucro, era vencer. Os outros tentáculos do seu império ajudavam a sustentar o elenco da equipe.
O método fez com que alguns dos maiores nomes do futebol tenham sido adquiridos pelo clube. Jogadores como Ronaldo, Kaká, Seedorf, Rui Costa, Shevchenko, Balotelli, Seedorf, Pirlo, Cafu, entre outros foram contratados. Na primeira metade dos anos 1990, o dirigente abriu a carteira para bater o recorde de transferências duas vezes. Primeiro ao trazer o francês Jean-Pierre Papin do Olympique Marseille. A Juventus respondeu contratando Vialli junto à Sampdoria. A tréplica veio com a chegada de Gianluigi Lentini, em 1992.
Pelos seus próprios cálculos, Berlusconi acreditava ter investido no Milan mais de um bilhão de euros do próprio bolso. Porém, os problemas políticos afetaram seus negócios. O fim de sua era no Milan foi similar ao início. Torcedores pedindo a sua saída com faixas estendidas pela cidade de Milão. Em 2017, a venda do clube a um fundo de investimentos chinês foi fechada por 740 milhões de euros.
Apesar da idade avançada, uma nova aventura no futebol foi iniciada logo em seguida. Em 2018, comprou o Monza por cerca de 3 milhões de euros. Sempre com Adriano Galliani como seu braço direito, o clube saiu da terceira divisão para a primeira. Na estreia na elite, os Brianzoli fizeram uma campanha estável e evitaram o rebaixamento na temporada recém encerrada.