Victor Ramos, 34 anos, que joga atualmente na Chapecoense, é investigado por supostamente participar de um esquema de manipulação de resultados de jogos. O zagueiro é um dos poucos atletas investigados que não foi afastado.
O defensor esteve presente na vitória da Chapecoense por 4 a 1 sobre o Avaí, na noite de sexta-feira (12), no Estádio da Ressacada, em Santa Catarina, pela Série B do Campeonato Brasileiro, e foi muito vaiado pelos torcedores da casa. Na saída do gramado, ele falou pela primeira vez sobre a investigação e negou ter envolvimento com manipulação de resultados de partidas.
—Nego tudo. Não tenho envolvimento com nada. Minha cabeça está fria. Estou tranquilo e está tudo nas mãos de Deus — disse o jogador em entrevista ao canal catarinense NSC.
Após a vitória, o zagueiro foi comemorar ao lado dos torcedores da Chapecoense. Além de negar sua participação com casa de apostas, ele enalteceu a vitória no clássico catarinense.
— O grupo merece. A Chapecoense é o segundo time do mundo todo. Tenho orgulho de vestir essa camisa. Estou muito feliz pela vitória. Nada vai me abalar. Quem não deve, não teme. Vida que segue. Estamos de volta no campeonato e vamos pensar no Juventude — declarou o zagueiro.
Investigação da participação do zagueiro com casas de apostas
Em abril deste ano, Victor Ramos chegou a prestar depoimento sobre o caso. Nos últimos dias, foram divulgados "prints" de conversas nas quais ele teria aceitado receber R$ 100 mil para cometer um pênalti quando ainda jogava pela Portuguesa em um jogo contra o Guarani, realizado em fevereiro. No entanto, conforme a investigação, a aposta acabou não sendo realizada.
Em outra conversa, Victor Ramos teria indicado atletas de Athletico-PR, Bahia e Coritiba que poderiam participar do esquema. Em nota oficial, a defesa do jogador também negou o envolvimento.
"Não houve aceitação ou recebimento de vantagem com a finalidade de manipular resultados ou provocar infrações. A defesa escrita do jogador será apresentada buscando sua absolvição sumária. Deve-se preservar a presunção de inocência de Victor Ramos e observar a sua história no futebol profissional, evitando as consequências irreversíveis de publicações que buscam condenações apressadas e antecipadas", diz trecho da nota.
Como funcionava o esquema de apostas esportivas
A Operação Penalidade Máxima, que trabalha a pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO), investiga um esquema de manipulação de apostas esportivas em partidas do Campeonato Brasileiro das séries A e B de 2022.
Segundo o MP-GO, a organização seria composta por oito integrantes. O dinheiro utilizado para realizar a apostas e o pagamento de atletas era feito por investidores, como citado durante as conversas interceptadas pela Operação Penalidade Máxima.
Para a realização das apostas, o grupo se valia de uma diversidade de contas de terceiros para, assim, ampliar lucros e ocultar os verdadeiros beneficiários. Além disso, intermediários tinham como função fornecer e realizar contatos de jogadores dispostos a praticar as corrupções. Os atletas recebiam ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 500 mil. Para executar a ação desejada pelo grupo de apostadores, recebiam adiantamentos.
Entre as ações estavam cometimento de pênaltis, cartões amarelos ou vermelhos em determinada etapa da partida e diferença de gols no primeiro tempo.
Jogadores afastados
Até o momento, sete jogadores que são suspeitos de ter participação no esquema foram afastados, conforme anúncios oficiais dos clubes.
Confira quem foi afastado:
- Bryan Garcia, do Athletico-PR
- Eduardo Bauermann, do Santos
- Fernando Neto, do São Bernardo
- Nino Paraíba, do América-MG
- Pedro, do Athletico-PR
- Richard, do Cruzeiro
- Vitor Mendes, do Fluminense
Os envolvidos
Por enquanto, foram divulgados 15 nomes de atletas que supostamente teriam feito parte do esquema de apostas esportivas. Desses, só sete foram afastados.
Veja a lista completa dos nomes:
- André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje Ituano)
- Allan Godói (Sampaio Corrêa)
- Eduardo Bauermann (Santos)
- Fernando Neto (São Bernardo)
- Gabriel Domingos (Vila Nova)
- Gabriel Tota (Ypiranda-RS)
- Igor Cariús (Sport)
- Joseph (Tombense)
- Matheus Gomes (sem clube)
- Matheusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje Cuiabá)
- Paulo Miranda (sem clube)
- Paulo Sérgio (ex-Sampaio Côrrea, hoje Operário-PR).
- Romário (ex-Vila Nova)
- Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje Sepahan-Irã)
- Victor Ramos (Chapecoense)