O atacante Paulo Sérgio, que atuou pelo Juventude em 2019, vive um situação delicada: ele está no Sudão, país africano que vive um conflito interno que já deixou mais de 200 pessoas mortas e cerca de 1,8 mil feridos. Jogador do Al-Merreikh, ele deu entrevista ao g1.globo e relatou o medo com a situação bélica na região.
— No sábado (15) de manhã, eu acordei com um barulho muito grande de bombas e de tiros. Depois, eu me dei conta que o nosso hotel estava no foco de muitos tiros. Eu via caças passando. Eles tentavam derrubar drones. Foi realmente assustador. Não saímos do hotel — disse o atleta, que iniciou a temporada no Santo André e se transferiu para o Al-Merreikh, do Sudão, no final de janeiro deste ano.
Além de Paulo Sérgio, outros oito brasileiros atuam no Sudão. A esposa do atacante, Blanca Bullos, está no Brasil e mantém contato com o marido pela internet, que está instável no país africano. Ela conta que "é só barulho de bomba, explosão e tiro o tempo inteiro" e pede que o Itamaraty, como é chamado o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ajude para que os atletas sejam trazidos de volta ao país.
— A gente vem aqui fazer esse apelo em nome de toda a família do meu marido, da nossa família, da mãe do meu marido e do pai do meu marido. Que o Itamaraty tome uma atitude, que se tiver um cessar-fogo, que se puder mediar essa situação desses brasileiros nesse momento — pleiteou.
Ao g1, o Itamaraty informou que está em contato com os brasileiros que vivem no Sudão "de modo a prestar toda a assistência possível aos nacionais" e que "o governo brasileiro tem mantido coordenação com outros países que também têm cidadãos em território sudanês sobre ações coordenadas de assistência, a serem eventualmente implementadas a partir do momento em que as condições de segurança permitirem".
O conflito
O Sudão vive combates armados entre o Exército e um grupo de paramilitares desde o sábado passado. A cidade de Cartum, capital do país, é o principal ponto do conflito — e onde está Paulo Sérgio.
Os confrontos começaram após uma ruptura entre o Exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF). Em outubro de 2021, os dois grupos se juntaram para dar um golpe que tirou os civis do poder, mas romperam e brigam pelo controle do país.
Segundo o relato do jogador ao g1, as ruas estão desertas, a luz e a internet estão caindo e a comida está começando a acabar. No prédio onde estão os brasileiros, um segurança com um fuzil faz a proteção dos jogadores. Paulo Sérgio e os demais atletas esperam, porém, que possam retornar logo ao Brasil:
— Nossos familiares estão tensos, angustiados. Eu tenho uma filha de 6 anos. A gente não tem informações. Essa guerra não é nossa. E cada dia que passa é mais apreensão.