Historicamente, o colorado sempre ajudou o clube em momentos de dificuldades. Foi assim na construção do Estádio Beira-Rio. Foi assim na reforma para a Copa. Foi assim na pandemia, quando os jogos foram suspensos e, depois, retornaram sem presença de torcedores. Mesmo com dificuldades econômicas, os sócios do Inter continuaram contribuindo. Muitas vezes abrindo mão de outras coisas para manterem-se fiéis ao clube do coração.
Em contrapartida, o que os torcedores exigiram durante esse tempo foram vitórias e uma boa gestão administrativa. Não está acontecendo. Por isso, quando soube da intenção da diretoria de reajustar as mensalidades em 27%, proposta junto aos conselheiros, para a maioria das categorias, me aliei aos movimentos internos que se manifestaram contra esse aumento.
Não há segredo. Assim como na nossa casa, em um clube de futebol não se pode ter despesas maiores do que a receita. Num momento em que o clube tem conseguido poucas vendas e tem amargado uma seca de conquistas, é preciso ainda mais criatividade para ampliar a arrecadação, com ações de marketing, por exemplo, e boa gestão para reduzir custos, como na folha de pagamento.
Não é o que temos visto. Enquanto o rival trouxe um reforço de nível mundial, ampliou em 10 mil sócios o seu quadro e turbinou a venda de camisas, o Inter foi obrigado a rescindir o contrato de Mikael, que recebeu mais de R$ 3 milhões em poucos meses, tendo entrado em campo por apenas 13 minutos. Não é certo que o ônus da má gestão acabe recaindo injustamente sobre os sócios.
Sem falar nas rescisões milionárias nas apostas com treinadores estrangeiros que não duraram dois meses, em 2021 e em 2022. Dentro de campo, a grande parte dos resultados foi para esquecer: o Inter amargou desclassificações na Copa do Brasil e na Sul-Americana para times inexpressivos e não chegou à final do último Gauchão.
Quem passa pelo departamento de futebol comete erros e acertos. Quando fui dirigente também errei, mas nunca penalizei o nosso maior patrimônio, o sócio, que ajuda a pagar as contas. Em um momento em que os resultados não favorecem, o aumento das mensalidades é uma medida equivocada e abusiva. É preciso mais criatividade e resultados.