As autoridades argentinas investigam os motivos que causaram a confusão entre policiais e torcedores na partida entre Gimnasia y Esgrima e Boca Juniors, em La Plata, na noite desta quinta-feira (6), que acabou com uma pessoa morta. O responsável pela operação policial da partida foi afastado e há suspeita de que houve venda de ingressos além da capacidade do Estádio Juan Carmelo Zerillo, conhecido como “El Bosque”.
O jogo entre Gimnasia e Boca, decisivo na disputa pelo título argentino, foi iniciado e paralisado aos 9 minutos porque os jogadores começaram a sentir os efeitos do gás de pimenta atirado pela política contra torcedores fora do estádio. De acordo com os policiais, cercam de 10 mil pessoas ainda tentavam ingressar nas arquibancadas.
Sem poder sair do estádio por conta da confusão nos arredores, os torcedores foram autorizados a entrar no gramado. Isso não evitou, porém, que a confusão deixasse feridos dentro e fora do Juan Carmelo Zerillo. César Regueiro, de 57 anos, morreu vítima de parada cardiorrespiratória. A família denúncia que houve negligência no atendimento de Regueiro.
Chefe de operação afastado
A polícia de La Plata, capital da província de Buenos Aires, afastou o responsável pela operação de segurança do jogo e também um policial que foi flagrado atirando uma bala de borracha contra o cinegrafista do canal TyC Sports Fernando Rivero. Foram três tiros contra Rivero, que sofreu ferimentos leves.
As autoridades argentinas investigam se houve venda de ingressos além da capacidade de 29 mil pessoas do Estádio Juan Carmelo Zerillo. Havia apenas torcedores do Gimnasia no estádio já que desde 2013 as partidas do Campeonato Argentino são disputados com torcida única. Essa medida foi adotada exatamente após uma confusão em La Plata, que resultou na morte de um torcedor do Lanús, que jogava como visitante contra o Estudiantes, o rival do Gimnasia.
O Gimnasia publicou uma nota nesta sexta-feira (7) negando que tenha vendido entradas além da capacidade do estádio e acusou a polícia de ter cometido exageros na tentativa de conter os torcedores que tentavam ingressar no estádio.
"A diretoria do clube Gimnasia y Esgrima La Plata repudia ação desmedida de força da segurança no ingresso de torcedores ao Juan Carmelo Zerillo antes, durante e depois da suspensão do jogo contra o Boca. Nosso estádio está habilidade a receber 29.953 torcedores. Contando que tínhamos 25.890 sócios e sócias habilitados para assistir a esse jogo e vendemos mais 3.354 entradas, não houve superlotação", disse trecho da nota do clube.
O comandante da Agência de Prevenção de Violência no Esporte da Argentina (Aprevide), Eduardo Aparicio, admitiu a suspeita de que houve superlotação no estádio, que não está interditado para receber jogos.
— O jogo não vai acontecer de imediato. O estádio do Gimnasia estava 100% cheio e ainda havia cerca de 10 mil pessoas do lado de fora. A partida transcorria normalmente até os 9 minutos. Estamos investigando se venderam ingressos a mais — afirmou Aparicio em entrevista ao canal TyC Sports.
A Liga Profissional, responsável pela organização do Campeonato Argentino, ainda não definiu quando os 81 minutos restantes do jogo entre Gimnasia e Boca serão realizados.
O Boca buscava diante do Gimnasia recuperar a liderança do Campeonato Argentino, perdida no início da 23ª rodada para o Atlético Tucumán. Sexto colocado, o time de La Plata jogava sua última esperança na briga por ainda brigar pela taça. Ainda faltam quatro rodadas para o término da competição.