Cidade industrial, na região metropolitana de Porto Alegre, Cachoeirinha tem aproximadamente 130 mil habitantes. Pela proximidade com a Capital, é natural que seus moradores sejam mais envolvidos com Grêmio e Inter. Isso começou a mudar, porém, quando a cidade ganhou um time.
Em 2018, o tradicional Cruzeiro, na avenida Protásio Alves, deixou o Estádio Estrelão para inaugurar a Arena Cruzeiro, em Cachoeirinha, de 16 mil lugares e nos padrões exigidos pela Fifa. O lugar agora chama-se Dirceu de Castro, em homenagem ao histórico dirigente que morreu em 2021.
A aposta na mudança de casa foi para ter identidade com uma comunidade, e o reflexo é perceptível ao andar pelo centro da cidade. O clube está na ponta da língua de quem é questionado sobre o time local.
No atual elenco do campeão gaúcho de 1929, há uma história peculiar. No ataque, o tio Jô, 32 anos. Na lateral esquerda, o sobrinho Kevin, 20 anos. Mais uma história em família.
— Sou cria daqui e tenho minha carreira graças ao clube. Indiquei o Kevin, ele veio e mostrou o trabalho — revelou Jô, conhecido por Jô da Bike, em razão de um golaço de bicicleta no diante do Inter, no Beira-Rio.
— A trajetória dele é grande. O dia que eu soube que ele ia vir pra cá, fiquei numa felicidade que eu não soube explicar. Quando ele chegou, percebi o quanto é ídolo. Muito ídolo — contou Kevin.
A parceria entre tio e sobrinho ocorre em campo e também fora das quatro linhas. Pela experiência no mundo da bola, o tio é um exemplo para o sobrinho. Em casa, porém, a avó (mãe de Jô) protege o menino de alguma bronca.
— É a vó que me defende (risos) — brincou o lateral-esquerdo.
A combinação familiar, no entanto, não foi suficiente para salvar o Cruzeiro do rebaixamento à Terceira Divisão. Na reta final da Divisão de Acesso, o clube teve uma sequência de cinco jogos sem vencer e uma derrota para o Glória, na última rodada, foi definitiva para deixá-lo na última posição do Grupo A.