A alimentação é um fator fundamental para jogadores de futebol. Por essa razão, ter hábitos saudáveis e que reponham os nutrientes é essencial, tanto para o desempenho em campo quanto para o fortalecimento do corpo. No Esporte Clube Guarani-VA, a responsável por tudo isso é Cléria Thiesen, mais conhecida como a “Tia da Cozinha”.
Natural de Venâncio Aires, Cléria era distante do Guarani por entender que se tratava de um ambiente masculino. Tudo mudou em 2006, quando uma enchente alagou o Estádio Edmundo Feix, e ela se prontificou a ajudar no escoamento e limpeza. Desde então, não saiu mais e comanda há 16 anos a cozinha do Índio. A Tia da Cozinha é um dos ícones do futebol do interior, daquelas que dá a vida pelo clube.
— Essa é minha rotina, né. Eu me viro. A minha função é cuidar dos meus meninos, dos jogadores. E aí eu faço a comida. Às vezes, eu entro às 5h30min e vou até de noite, oito e pouco. Faço café, almoço e janta. Me preocupo com eles. As famílias estão longe, tem que ter um coração pra aquecer — comentou Cléria, enquanto mexia nas panelas e preparava o almoço do dia.
— Guris! Venham me ajudar a levar as panelas do fogão — gritava, chamando os atletas que já estavam cheios de fome no refeitório.
Para atender a todo o elenco, o arroz e o feijão são feitos em pesados panelões. Cléria trabalha praticamente sozinha. Chega cedo, vai ao mercado, compra os insumos e cozinha nos três turnos. Suas companhias são a Megg, uma cachorrinha que circula pelo estádio, e a TV ligada na RBS TV. Ela não perde o Globo Esporte, pois precisa estar atenta às notícias para formar seu time no jogo Cartola FC.
— Carne de panela, arrozinho, aipim com farofa, feijãozinho, massa e batata doce que esquento no forno — destaca, ao falar sobre o cardápio.
Apesar de receber a alcunha de tia, Cléria cumpre muitas vezes o papel de mãe dos jogadores. Como muitos deles moram sob as arquibancadas do Edmundo Feix, o estádio é a casa deles. E a cozinheira muitas vezes fornece suporte emocional.
— Ela é uma pessoa muito especial, que se dedica demais aqui no clube. Para nós, ela dá vida. É como se fosse uma mãe. Esse tipo de pessoa faz o futebol do interior, faz o futebol raiz sobreviver. A gente ama de paixão — disse o lateral-direito Léo Medeiros.
Além da comida da Tia da Cozinha, os jogadores do Guarani turbinam o seu desempenho com chimarrão. Afinal, Venâncio Aires é a Capital Nacional do Chimarrão. A história vem muito antes de tornar-se um município, já que os primeiros habitantes luso-brasileiros já praticavam o cultivo da erva-mate. Seja para as épocas de Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), ou apenas para relaxar, o Parque do Chimarrão, na entrada da cidade, a bebida é sempre uma boa pedida.