Os policiais militares suspeitos de agredir Rai Duarte, torcedor do Brasil-Pel, após uma partida de futebol em Porto Alegre tiveram seus celulares apreendidos pela Corregedoria-Geral da Brigada Militar, que investiga o caso. Depois de colher depoimentos de todos os envolvidos no caso, a apuração avançou para a quebra de sigilo dos aparelhos e análise dos dados.
— É a quebra de sigilo nos celulares para analisar os dados. Creio que seja um passo final para a conclusão do inquérito. Entendemos que estamos dentro de um prazo razoável. Queremos celeridade, mas a prioridade é a precisão da investigação — disse o Corregedor-Geral da Brigada Militar, Vladimir Rosa.
São mais de três meses de investigação e, desde então, 11 PMs foram afastados de suas atividades. As vítimas e testemunhas não tiveram os celulares recolhidos.
Em depoimento dado em 14 de julho e em entrevista à GZH, Rai Duarte afirmou ter sido agredido por policiais em uma sala do Estádio Passo D'Areia. Na ocasião, em 1º de maio, ele foi detido junto de mais 11 torcedores do Brasil-Pel, que enfrentara o São José pela Série C do Brasileirão.
— Fui pego dentro do ônibus e levado para dentro do estádio. Fui espancado por cinco ou seis, e tinha um que comandava tudo. Eram policiais. Primeiro me levaram para dentro do estádio junto com os outro, que foram detidos pois estavam brigando. Eu não sei o motivo porque fui detido. Depois, me levaram para dentro de uma salinha, que era um banheiro escuro. E me agrediram mais ainda pois eu falei que era colega (o torcedor foi PM temporário) — afirmou Rai Duarte.
Desde então, o funcionário público está internado no Hospital Cristo Redentor. A consequência das agressões foi um profundo corte no intestino. A causa, porém, segue sem ser esclarecida. Foram 47 dias na UTI, em estado de coma induzido, e as últimas semanas no leito de enfermaria, para onde foi em 16 de junho.
Duarte foi submetido a quatro cirurgias e uma nova está prevista para a próxima segunda-feira (8). Conforme relatos dos médicos aos familiares, espera-se que este procedimento seja o definitivo para ele receber alta e retornar para Pelotas.