A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) protocolou no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) um pedido de abertura de inquérito disciplinar desportivo para investigar a partida entre Bagé e Farroupilha, pela Terceirona. O jogo terminou 7 a 0 para o clube bajeense, resultado que eliminou o representante de Pelotas precocemente da fase de grupos.
Mas o que chamou a atenção, além do resultado, foi postagem feita e depois apagada, por um jogador do Farroupilha, sugerindo que o placar foi "facilitado".
A postagem feita pelo atleta Iago Padilha. No texto, ele diz que pediu desligamento do clube porque o time estaria sendo "usado por gente de fora para fazer aposta". Mais tarde, ele apagou a postagem.
Ainda na noite de segunda-feira (1), nas redes sociais do clube, foi publicado um vídeo no qual aparecem o presidente do Farroupilha, Fábio Costa, e o jogador. Apenas o dirigente fala. E ele apresenta uma justificativa para as palavras do atleta:
— Todos estavam de cabeça quente. Iago Padilha foi mal interpretado em uma postagem. Ele se referiu à venda do jogo. Isso não é verídico, não aconteceu. Ele se referia à doação dos jogadores que entraram e não renderam 100%. Isso foi muito cobrado no vestiário, no caminho para o estádio, antes do segundo tempo. O Iago interpretou de uma maneira que as pessoas fizeram um ato criminoso, distorcendo o que ele falou. Ele quis falar da entrega dos jogadores.
O presidente disse, ainda, que "nunca admitirá" esse tipo de situação. Segundo ele, o resultado se deu pela dificuldade da partida, diante do líder Bagé, e aos desfalques (na partida anterior, diante do Riograndense, seis atletas foram expulsos após o término em razão de uma briga generalizada).
Antes desse jogo, porém, o Farroupilha ainda não havia sido goleado — nem mesmo diante do Rio Grande, na estreia, quando entrou com apenas oito atletas em campo por causa de um problema de inscrições no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF, e perdeu por 1 a 0.
Mais tarde, o advogado Hermes Rockenbach se apresentou como diretor jurídico do clube e apresentou mais um vídeo (que não foi retirado do ar). Nele, o dirigente fala que "estão apurando a denúncia de que o clube teria vendido o resultado".
— Queremos deixar claro à torcida e a quem ama o esporte que estaremos buscando, junto ao MP e aos órgãos competentes, averiguar. E quem for responsável por algum resultado ou por denúncia caluniosa será responsabilizado. O fato é extremamente grave e não pode passar impune — finalizou.
Além do TJD, o protocolo da FGF exige que a denúncia seja encaminhada também ao Ministério Público e à Polícia Civil.
O presidente da FGF, Luciano Hocsman, confirmou a preocupação.
— É justamente por essas razões que temos, há três anos, parceria com uma das maiores empresas de monitoramento de apostas esportivas do mundo, a Sport Radar, que também trabalha com a Uefa e outras entidades. Fazemos o máximo possível para garantir a integridade das competições — disse Hocsman.
A procuradoria do TJD tem até quinta-feira para decidir se oferecerá denúncia contra os envolvidos ou se abrirá o inquérito. A tendência é pela primeira opção.