A quinta-feira amanheceu diferente para Rai Duarte. Depois de quase quatro meses internado no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, ele pôde finalmente voltar para casa e descansar ao lado de seus familiares.
Ao longo dos 116 dias de hospitalização, o funcionário público de 33 anos enxergava o mundo apenas pela janela do quarto. Agora, embora ainda esteja no final da recuperação do profundo corte no abdômen, o fato de estar em Pelotas, ao lado da esposa, Aline, grávida do filho, Hyantony, e dos pais, Marta e Clóvis, é motivo de imensa alegria.
— Não aguentava mais ficar tanto tempo no hospital. Sair foi muito marcante — afirmou.
Foram 47 dias na UTI, em estado de coma induzido, e os últimos no leito de enfermaria, para onde foi em 16 de junho e saiu na última quarta-feira. Lá, além da rotina de tratamento e fisioterapia, sua distração era conversar com a mãe e assistir televisão.
Já em casa, em Pelotas, após uma noite de descanso em sua própria cama, Rai Duarte falou com exclusividade para GZH. Ele afirma que a lesão que causou sua hospitalização foi causada por PMs que o agrediram na noite de 1º de maio, após o jogo do Brasil-Pel contra o São José, no Estádio Passo D'Areia, em rodada da Série C do Brasileirão. A razão, porém, segue sem ser esclarecida. Para o futuro, cobra justiça aos agressores e quer desfrutar do filho, previsto para nascer em 27 de novembro.
A Corregedoria-Geral da Brigada Militar investiga o caso. O inquérito já ouviu Rai Duarte, testemunhas e os policiais envolvidos no episódio. Há duas semanas, celulares dos PMs tiveram quebra de sigilo e os dados estão sendo analisados. Conforme o corregedor Vladimir Rosa, a apuração está próxima de um desfecho:
— Depois de ouvir as testemunhas e quebrar sigilo dos celulares, agora estamos na análise dos dados. Esperamos encerrar esse processo no final do mês e entregar o documento final para a Justiça Militar.
Veja a entrevista com Rai Duarte:
Qual foi tua sensação ao deixar o hospital após 116 dias?
Senti muita emoção. Não aguentava mais ficar tanto tempo no hospital, quase quatro meses. Foi muito marcante.
Voltar para Pelotas era teu maior desejo?
Sim, voltar e ver a minha esposa e meu filho. Foi momento de muita alegria e emoção.
O que você costumava fazer no hospital?
Além do tratamento, com fisioterapia, só assistia TV. Não fazia mais nada, só TV. E acompanhei os jogos do Brasil-Pel pelo celular.
O que você pensa em fazer daqui para frente?
Vou aos pouquinhos. Pretendo voltar a trabalhar e me recuperar 100%, mas isso vai aos poucos.
Quais foram as recomendações médicas?
Não falaram nada ainda sobre a volta ao trabalho. Eu não posso fazer esforço físico e preciso ter uma alimentação regrada. Tenho que manter o peso atual, não posso engordar.
E o Hyantony vem em novembro…
Sim, vai ser tudo de bom.
O que você espera que seja feito com quem te agrediu?
Só espero justiça. Quem fez, que seja punido. Só isso.