Após receber alta pela manhã, o torcedor do Brasil-Pel Rai Duarte deixou o Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, no início da tarde desta quarta-feira (24). De imediato, ele iniciou viagem de retorno para Pelotas, sua cidade natal.
Acompanhado da mãe, Marta Cardoso, ele deixou o hospital vestindo a camisa do Xavante em uma cadeira de rodas e entrou no carro de seu amigo Mauricio Lacerda, que irá levá-lo para o sul do Estado. Foi um momento de muita emoção também para a equipe médica que o cuidou durante os 116 dias.
— Sentimento muito bom de estar voltando para casa, para esposa e para o filho. Meu maior desejo é me recuperar 100%, ficar bem e que os culpados sejam punidos. Não quero viajar mais por futebol — disse Rai.
Em Pelotas, Duarte irá encontrar a esposa, Aline Pereira Lopes, que está grávida de seis meses do menino Hyantony. Rai Duarte foi internado em 1º de maio com um corte no abdômen, que afetou o intestino. Ele afirma ter sido agredido por policiais militares após o jogo entre São José e Brasil, pela Série C do Brasileirão, em Porto Alegre. Desde então, foram 47 dias na UTI, em estado de coma induzido, e as últimas semanas no leito de enfermaria, para onde foi em 16 de junho.
Desde o primeiro dia de internação, Rai foi acompanhado por sua mãe, que fez questão de agradecer a equipe médica ao deixar o hospital:
— A gente está muito feliz que ele se recuperou bem. Agradecer a toda a equipe do hospital. Vida nova, graças a Deus.
O funcionário público vai a Pelotas para finalizar a recuperação ao lado de seus familiares. Ele ainda terá de retornar a Porto Alegre para troca de curativos e retirada dos pontos no abdômen.
— Ele está bem. É um pouco ranzinza (risos), mas é maravilhoso com a equipe. Agora tem recomendação de retorno para o curativo e outras especialidades. Durante a viagem, precisa usar o paradouro para esticar as pernas, se hidratar e se alimentar - explicou a enfermeira Andréia Zerpellon.
Diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição, mantenedor do Hospital Cristo Redentor, Cláudio Oliveira afirmou:
— Precisamos agradecer a toda equipe da nossa UTI e ficamos agradecidos pelo período que convivemos com Rai e sua mãe, Marta. Desejamos o pronto restabelecimento dele, com rotina normal e vida com a família. Passamos por momento difícil junto dele, dando todo o suporte com excelentes profissionais. Vida longa ao Rai.
A Corregedoria-Geral da Brigada Militar investiga o caso. O inquérito já ouviu Rai Duarte, testemunhas e os policiais envolvidos no episódio. Há duas semanas, celulares dos PMs tiveram quebra de sigilo e os dados estão sendo analisados. Conforme o corregedor Vladimir Rosa, a apuração está próxima de um desfecho:
— Depois de ouvir as testemunhas e quebrar sigilo dos celulares, agora estamos na análise dos dados. Esperamos encerrar esse processo no final do mês e entregar o documento final para a Justiça Militar.