Tão logo teve alta e deixou o Hospital Cristo Redentor, às 14h15min desta quarta-feira (24), Rai Duarte desceu da cadeira de rodas e se acomodou no banco do carona no carro do amigo Maurício Lacerda com destino a Pelotas, sua cidade natal, acompanhado de sua mãe, Marta Cardoso.
Por baixo da roupa de proteção do hospital, ele vestia a camiseta rubro-negra do Papo de Torcedor Xavante, grupo de amigos que acompanham os jogos do clube. Foi com este uniforme que Rai foi detido pela Brigada Militar dentro de um ônibus de excursão que retornava para a Zona Sul do Estado após o jogo entre Brasil-Pel e São José, pela Série C do Brasileirão, em 1º de Maio.
— Sentimento muito bom de estar voltando para casa, para esposa e para o filho — disse.
Desde então, o funcionário público pelotense estava hospitalizado. Teve um profundo corte abdominal, passou por 17 cirurgias, esteve em estado de coma por um mês e meio, mais outros dois meses no leito e, enfim, recebeu alta.
A circunstâncias seguem sem ser explicadas, embora a Corregedoria-Geral da Brigada Militar investigue o caso. Rai afirma que foi agredido por PMs dentro de uma sala do Estádio Passo D’Areia.
Lacerda, responsável por conduzir a família até Pelotas, foi também esteve com Marta Cardoso em Porto Alegre a partir do feriado do Dia do Trabalhador. De madrugada, ela fora acordada pelas enfermeiras do Cristo Redentor lhe avisando que o filho havia chegado lá em estado grave. Desde então, alugou um apartamento na Capital e não arredou o pé do hospital.
— Vida nova, Marta?
— Sim, graças a Deus.
Durante a viagem pela BR-116, a família fez algumas paradas para Rai se alimentar, beber água e, principalmente, esticar as pernas — conforme recomendação da médica Maria Fernanda Detanico.
Foi um descolamento de aproximadamente três horas em que Rai esteve deitado no banco do carona. Na bagagem, além das várias malas que estavam no hospital, a expectativa de reencontrar os familiares em Pelotas.