Maria Fernanda da Silva Costa é única. Mesatenista brasileira na 24ª edição das Surdolimpíadas, a catarinense de 20 anos não é apenas surda, mas também tem Síndrome de Down — a única em todas as modalidades da competição. Ela foi uma das participantes que mais disputou jogos no tênis de mesa.
Além do individual, ainda entrou nas quadras do Ginásio Municipal de Farroupilha na disputa por equipes, nas duplas mistas e nas duplas femininas. Perdeu, mas isso é o que menos importa para quem já ganhou muita coisa na vida. Afinal de contas, não é todo mundo que pode representar o seu país em uma competição como a Surdolimpíadas.
— Eu sou surda, sei da minha representatividade aqui e aproveito esse momento. Sei que eu consigo estar aqui, tenho condições de representar o meu país. Acredito muito em Deus e sei que ele está sempre comigo. Sou muito feliz de estar aqui e de participar desse momento. A gente trabalhou muito para estar aqui. Joguei contra Japão, Ucrânia, Turquia e muitos outros países. Foi muito complicado, mas não conseguimos os resultados — conta Maria Fernanda, através da intérprete Mirele Pretto da Silva.
A mãe de Maria Fernanda, Karen Jaqueline da Silva, descobriu a surdez na filha em uma festa de final de ano. Enquanto os fogos de artifício estouravam no céu de Blumenau, Maria não reagia e não se assustava com os barulhos. Foi o suficiente para que Karen procurasse especialistas para saber o que já se passava.
Depois de algum tempo atrás de médicos, Maria Fernanda foi diagnosticada com surdez. A partir disso, a família procurou integrar a menina aos processos dos surdos, como escolas especiais e cursos de Libras. Anos depois, começou a sua trajetória no tênis de mesa.
— Ela começou com 13 anos no tênis em uma comunidade bem simples de Blumenau. Ela estava muita agitada na época e eu botei no Cematepca (Centro Municipal de Ampliação do Tempo e Espaço Pedagógico da Criança e do Adolescente), uma instituição que é contraturno da escola. Ela começou a ir lá, teve um professor, chamado Mário, que começou a puxar ela para o tênis de mesa — explica.
O esporte começou a cair no gosto de Maria Fernanda. Ela começou a ir à pequenas competições, começou a ganhar medalhas e foi gostando, gostando e se engajou na modalidade. Aí, ela e a família se mudaram para Balneário Camboriú, onde ela começou a ter a técnica do tênis de mesa. Atualmente, para continuar crescendo na modalidade, Maria Fernanda pratica o tênis de mesa três horas por dia na cidade catarinense de Itajaí, com o treinador Pedro Vieira.
Jovem, com 20 anos, ela faz sua segunda participação em uma edição de Surdolimpíadas. Há cinco anos, estreou na competição, na edição da Turquia, mas caiu diante de fortes adversárias coreanas e chinesas. Em Caxias do Sul, virou estrela. Entre uma partida e outra, distribuiu inúmeros autógrafos para aqueles que a acompanhavam nas arquibancadas do Ginásio Municipal de Farroupilha.