A chama olímpica chegou na manhã desta quarta-feira (20), noite de terça, 19, no Brasil, à capital chinesa para os Jogos de Inverno de 2022, noticiou a imprensa estatal, depois que a tocha foi trazida de avião de Atenas, Grécia.
A chama foi exibida na Torre Olímpica de Pequim, antes de ser levada para o tradicional revezamento, segundo o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Cerca de 2.900 atletas de 85 comitês olímpicos nacionais vão competir nos Jogos de Inverno de 4 a 20 de fevereiro de 2022.
Pequim será a primeira cidade a sediar Jogos de Verão e Inverno, mas os preparativos têm sido marcados por pedidos de boicote pela situação dos direitos humanos na China, em especial a da minoria muçulmana uigur.
A chama foi acesa na segunda-feira em Atenas e levada no dia seguinte aos organizadores dos Jogos de Pequim.
O evento foi realizado com público reduzido por causa da pandemia e, contrariando a tradição, não houve revezamento da tocha em solo grego.
Além disso, a cerimônia foi interrompida por ativistas que pediram ao COI para adiar o evento pelo suposto "genocídio" chinês contra os uigures e os tibetanos.
Os ativistas desfraldaram uma bandeira tibetana e exibiram um cartaz com a frase "Não ao genocídio". Um protesto similar foi celebrado no domingo na Acrópole, em Atenas.
Quando Pequim sediou os Jogos de 2008, o revezamento da tocha foi interrompido reiteradamente por manifestantes na Europa e na América do Norte.
Os organizadores dos Jogos de Pequim-2022 deram poucos detalhes de seus planos, mas o COI informou que a chama será exibida ao público na torre "antes de partir em uma turnê de exibição".
"Mais perto dos Jogos será realizado o tradicional revezamento da tocha olímpica", destacou o COI a pouco mais de cem dias da abertura do evento.
Pedidos de adiamento
Defensores dos direitos humanos e exilados pediram o adiamento dos Jogos, afirmando que o governo chinês pratica repressão religiosa, tortura, esterilização compulsória e erosão cultural através da reeducação forçada.
Eles acusam o COI de ignorar o que chamam de série de abusos na China, em particular no Tibete, o tratamento das minorias muçulmanas e a repressão em Hong Kong.
Os ativistas dizem que pelo menos um milhão de uigures e outras minorias foram detidos em campos em Xinjiang e tiveram negado seu direito ao culto religioso.
A oposição republicana nos Estados Unidos pediu o boicote dos Jogos, e Washington qualificou o tratamento dado aos uigures na China como um "genocídio".
Após negar inicialmente a existência dos campos em Xinjiang, a China depois os defendeu como centros de treinamento vocacional, dirigidos a contrabalançar o extremismo islâmico.
Também tem havido apelos para que os atletas e os governos boicotem os Jogos.
O presidente do COI, Thomas Bach, descartou um possível boicote, citando a neutralidade do organismo olímpico.
Bach, que foi esgrimista e vítima do boicote dos Jogos de Moscou-1980, insiste em que o COI tem abordado o tema dos direitos humanos "dentro da nossa jurisdição".
— Nestes tempos difíceis que atravessamos, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022 será um momento importante para unir o mundo em um espírito de paz, amizade e solidariedade — declarou Bach na segunda-feira.
* AFP