O Brasil saiu do Mundial de Revezamentos de Chorzow, na Polônia, com uma boa notícia. A equipe do revezamento 4x400m misto, modalidade que fará sua estreia na Olímpiada em Tóquio, conseguiu ganhar a medalha de prata depois de uma recuperação na prova. Um dos quatro brasileiros a subirem no segundo lugar mais alto do pódio é Anderson Henriques, 29 anos, gaúcho de Caçapava do Sul.
Depois de um período de treinamento no Centro Olímpico de Chula Vista, em San Diego, nos Estados Unidos, Anderson se juntou a Tiffani Marinho, Geisa Coutinho e Alison Santos em busca de uma medalha para os brasileiros. O país já estava qualificado para a Olimpíada porque foi finalista no Mundial de Doha, em 2019, e com o resultado ratificou a sua participação no Japão.
— Essa medalha nos motivou para mostrar que estamos no caminho certo. A classificação pra Olimpíada se encerra no dia 29 de junho e, por enquanto, os nomes do revezamento estão em aberto. Venho treinando bem, me esforçando bastante, em busca de garantir o meu nome em Tóquio — disse o corredor gaúcho, que completou falando do período de treinamento fora do país:
— Eu consegui aproveitar o período no exterior. A gente fica imerso dessa atmosfera de atletismo. Deu para competir, se alimentar bem, treinar bem, conseguimos um bom ritmo de treinamento e adquirimos experiência. Agora, no Brasil, é tentar dar continuidade no trabalho e conseguir competir bem no Troféu Brasil, que começa no dia 3 de junho.
Além da vaga no revezamento, o atleta de 29 anos ainda está em busca da classificação para os 400m. O índice olímpico é de 44s90, cinco centésimos abaixo do melhor tempo feito por Anderson em sua carreira — 44s95, feito no Campeonato Mundial de Moscou, em 2013. Apesar de estar acima do tempo, no momento, ele estaria classificado para os Jogos pelo sistema de pontuação da Federação Internacional de Atletismo.
A história de Anderson começa há pouco mais de 10 anos. Em 2009, depois de um resultado consistente nos Jogos Escolares de Maringá, o corredor foi convidado pela Sogipa para deixar sua cidade natal, Caçapava do Sul, e vir morar em Porto Alegre para treinar no clube. Prontamente, aceitou, descobrindo sua vocação para a prova dos 400m, onde até hoje está.
Pela equipe da Capital, foi finalista no Pan-Americano de Guadalara, em 2011, medalhista de prata na Universíada de Kazan, em 2013, e finalista do Mundial de Atletismo de Moscou, também no mesmo ano. Ele quebrou um jejum de 14 anos: desde o Mundial de Sevilha 1999, quando Sanderlei Parrela ficou com a prata, atrás apenas do americano Michael Johnson, o Brasil não tinha um finalista mundial nos 400m.
Antes da pandemia estourar, o atleta já havia deixado Porto Alegre e rumado para Blumenau, em Santa Catarina, após a Sogipa rescindir seu contrato. Durante os primeiros meses de coronavírus no Brasil, com os locais de treinamentos fechados, Anderson procurou alternativas para continuar treinando.
— Sempre me ensinaram a trabalhar com as condições que temos. Ficamos bastante tempo em casa, fazíamos um trabalho mais paliativo, mantendo o mínimo de condicionamento físico e mental. Aos poucos, quando as coisas foram se flexibilizando, acabava indo para a Redenção ou para o Parque Marinha para seguir treinando. Acabei indo até para Osório e Lajeado, que eram lugares mais parecidos com as pistas de provas.
Ainda no ano passado, em setembro, o gaúcho integrou a comitiva brasileira que foi levada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para Portugal, na chamada Missão Europa. Ele esteve ao lado no continente europeu, por exemplo, de Almir Júnior, triplista brasileiro já garantido em Tóquio 2020.