Depois de uma temporada tumultuada pela pandemia, a Fórmula 1 tenta restabelecer este ano a normalidade com a proposta de um calendário cheio. O campeonato que começa oficialmente nesta sexta-feira (26), com os primeiros treinos para o GP do Bahrein, tem 23 etapas previstas. Será o mais longo da história. Nele, o grande favorito, o inglês Lewis Hamilton, poderá se tornar absoluto como o maior campeão da categoria.
A covid-19 ainda é um temor para a F-1. A temporada começa com alguns pilotos vacinados, mas com uma série de exigências para testes e cuidados com o distanciamento. Ter um Mundial impecável é importante até para a categoria repor as perdas financeiras do ano passado, quando houve o cancelamento de várias provas e a falta do dinheiro dos ingressos.
O campeonato de 2021 pode colocar Hamilton no posto de melhor piloto de todos os tempos, caso ele ganhe o oitavo título da carreira. Atualmente, está ao lado do alemão Michael Schumacher, com sete conquistas, embora leve a melhor em critérios comparativos como vitórias (95 a 91) e pole positions (98 a 68).
Hamilton ganhou seis dos últimos sete campeonatos e parece não ter adversários à altura. O companheiro na Mercedes, o finlandês Valtteri Bottas, carece de regularidade. Já os demais concorrentes no grid não contam com o mesmo equipamento nem têm o seu talento.
— Os pilotos fazem o que podem, dão o máximo que têm. Eles têm preparação física e técnica, mas acho que não tem ninguém no nível do Hamilton. Acima de tudo, tem o carro. A Mercedes é a melhor porque em 2013 foi a primeira que se preparou para a chegada do motor híbrido, que veio em 2014. Desde então, não perdeu mais. Não acredito que alguém tire o título do Hamilton, mas ele não vai ganhar tantas corridas com facilidade como ganhou — analisa Reginaldo Leme, comentarista de F-1 da Band, emissora que passará a transmitir a categoria.
A rotineira cena de Hamilton no alto do pódio reforça também a postura do piloto como voz ativa contra o racismo. O inglês se empenhou bastante no assunto ao longo do ano passado e promete continuar na luta. Para ele, não basta ser campeão só dentro das pistas.
Bicampeão está de volta
Uma das boas novidades da categoria este ano é um velho nome. Após dois anos de afastamento, o espanhol Fernando Alonso está de volta. O bicampeão mundial (2005-06) retorna com muita expectativa e sedento por vitórias. Afinal, entre 2018 e 2019 ele percorreu diversas categorias, do Rally Dakar à Fórmula Indy, e só encontrou algum sucesso nas 24 Horas de Le Mans. Não foi o suficiente.
Nos testes da pré-temporada, Alonso mostrou que ainda pode fazer bonito na F-1. Exibiu potência, deixou os carros da Ferrari para trás e indicou que o campeonato pode ser mais equilibrado do que o esperado. Depois das temporadas frustrantes com a McLaren, o piloto que completará 40 anos em julho decidiu voltar para a F-1 com a Renault, pela qual faturou seus dois títulos mundiais.
O time francês foi um dos dois que mudaram de nome. Agora se chama Alpine, trocando o amarelo pelas cores da bandeira da França. O outro time rebatizado foi a Racing Point, que passou a ser Aston Martin, marca que faz sua terceira passagem pela F-1 - chegou a ser construtora na década de 50.
A escuderia é bancada pelo bilionário canadense Lawrence Stroll, que manteve seu filho Lance como piloto. O outro será o tetracampeão Sebastian Vettel, que deixou a Ferrari.
O time italiano aposta em mudanças para reagir em 2021. A começar por uma reformulação do motor e novidades na aerodinâmica, principalmente na parte traseira. Espera voltar a brigar pelo título depois da decepção em 2020, quando terminou na sexta posição no Mundial de Construtores, sua pior colocação desde 1980. Para tanto, conta com o talento dos jovens, o monegasco Charles Leclerc e o espanhol Carlos Sainz Jr., substituto de Vettel.
Entre os estreantes estão Yuki Tsunoda e Nikita Mazepin. O japonês vai correr pela AlphaTauri e é quem gera as maiores expectativas. Chega à F-1 amparado pelo aprendizado nas academias da Honda, fornecedora de motor do time e da Red Bull, dona da AlphaTauri.
O russo Mazepin chega à Haas com apoio do patrocinador master, uma grande empresa russa de fertilizantes. Sua contratação já foi cercada de polêmica, por causa de uma acusação de assédio sexual.
Sai GP do Brasil e entra GP de São Paulo
Os últimos dois anos foram de polêmicas, expectativas e diversas promessas envolvendo o GP do Brasil. Mas a novela acabou no fim do ano passado, quando São Paulo acertou a renovação do contrato com a F-1 por mais cinco anos. O novo acordo, porém, traz um detalhe importante. A prova em Interlagos se chamará, a partir deste ano, GP de São Paulo. Em 2020, a corrida foi cancelada por causa da pandemia.
Contudo, para São Paulo sediar o GP em 2021 novos obstáculos precisarão ser superados. Uma decisão da Justiça exige garantias financeiras para que a nova empresa responsável pelo GP, a MC Brazil Motorsport Holding Ltda., seja liberada para organizar o evento. O valor do contrato com a F-1, pelos cinco anos, é de R$ 100 milhões.
Televisionamento
Depois de mais de 40 anos, a transmissão da Fórmula 1 no Brasil mudou de endereço. A Rede Globo deixa de ser a emissora oficial e a partir deste ano as provas serão exibidas na Band. Outra novidade para o País é a oportunidade de acompanhar a temporada por streaming.
A categoria abriu para o mercado brasileiro a oferta do F1TV Pro, serviço que dá acesso aos fãs para câmeras onboard de todos os carros, dados de pilotagem e às conversas de rádio das equipes. "O Brasil é um mercado importante para nós para esse produto. Estamos ansiosos para ver o impacto desse lançamento", disse o diretor de direitos de TV da categoria, Ian Holmes.
Na TV, a Band vai transmitir as 23 corridas e exibir os treinos no canal fechado BandSports. A emissora recrutou parte da equipe jornalística que fazia a cobertura da categoria na TV Globo, entre eles profissionais como o comentarista Reginaldo Leme e a repórter Mariana Becker.
Aliás, será Mariana a responsável por estar a cada fim de semana em um local diferente do planeta para acompanhar a F-1.