O presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, disse estar "muito otimista" com a realização dos Jogos de Tóquio, previstos para 2020, mas que serão realizados este ano por conta da pandemia do coronavírus, e afirmou em entrevista à AFP que é melhor realizar a competição sem a presença de público do que cancelá-la.
Como a pandemia continua a se alastrar em todo o mundo, o comitê organizador Tóquio-2020 não descarta a possibilidade de realizar o evento diante de um pequeno público, ou mesmo a portas fechadas.
Mas para Andrew Parsons, esse sacrifício seria aceitável se o evento puder atrair um grande público.
— Os Jogos Paralímpicos são uma oportunidade de mudar o mundo. Entendemos que os Jogos não serão os mesmos sem o público, mas seu impacto é muito forte e vai além da cidade e do país organizador — declarou o dirigente, a pouco mais de 200 dias do início previsto para a competição.
Presidente da entidade desde 2017, Parsons acredita que os Jogos Paralímpicos não dizem respeito "apenas aos dois milhões de pessoas" que acompanham pessoalmente as provas, mas também "aos quatro bilhões de pessoas que as assistem em todo o mundo".
— A experiência seria diferente, mas ter as Paralimpíadas, mesmo sem público ou apenas com espectadores japoneses, é melhor do que não ter nada — completou,
Apesar da profunda preocupação com a possibilidade de os Jogos Olímpicos e Paralímpicos serem disputados com segurança, Andrew Parsons está "muito otimista", descartando também a ideia de que apenas um dos eventos ocorreria.
— Não é viável para o IPC (sigla em inglês), mas é claro que vamos cooperar estreitamente com as autoridades japonesas, o comitê organizador e o Comitê Olímpico Internacional (COI). E todos concordamos em dizer que não há como realizar os Jogos Olímpicos sem Jogos Paraolímpicos. Ambos acontecerão — garantiu.
O dirigente brasileiro ecoa um otimismo presente nas declarações desta terça-feira (2) do presidente do comitê organizador em relação à evolução da crise sanitária: os Jogos acontecerão "aconteça o que acontecer", disse Yoshiro Mori.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio estão programadas para 23 de julho a 8 de agosto, e os Jogos Paralímpicos de 24 de agosto a 5 de setembro.
Andrew Parsons reconheceu que certos atletas podem ficar "insatisfeitos" com o processo de classificação, por conta da pandemia. Apenas 57% deles garantiram vaga para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e as eliminatórias devem ser retomadas até março.
— Certamente alguns ficarão frustrados com o processo de classificação — admitiu o dirigente que presidiu o Comitê Paralímpico das Américas de 2005 a 2009 , garantindo que o IPC trabalha com federações esportivas em diferentes cenários.
De acordo com o dirigente de 43 anos, a entidade não pode obrigar os atletas a participar das classificatórias.
— Mas não podemos fazer nada. Temos que proteger as pessoas, o que significa que não podemos obrigá-las a participar das classificações se isso as colocar em perigo — destacou.
As vacinas não serão obrigatórias para a participação nos Jogos, lembrou Andrew Parsons, o que incentiva os atletas a receberem esse "nível adicional de proteção", que se soma às medidas de saúde que os organizadores devem anunciar detalhadamente esta semana.
O presidente do IPC admite que está trabalhando em conjunto com o COI na questão das vacinas, mas que os comitês enfrentam "muitos obstáculos" para encontrar uma solução justa.
— Cada uma de nossas ações deve beneficiar todos os nossos membros, todos os nossos atletas e não só este ou aquele país. É uma dificuldade, temos que ser justos com todas as nações — lembrou.
O objetivo é "oferecer a melhor proteção possível" a cada um, quando alguns atletas paralímpicos apresentam sistemas imunológicos frágeis que os tornam mais vulneráveis à covid-19.
Afirmando estar animado pela realização no mundo de diversos eventos esportivos desde o início da pandemia, o presidente do IPC acredita que os Jogos poderão acontecer com segurança.
— Os atletas estão determinados a participar, seja qual for o número de pessoas nas arquibancadas .Queremos que eles tenham a oportunidade de participar — destacou o dirigente brasileiro.
* AFP