Gerson deu depoimento no caso de injúria racial em que acusa o colombiano Indio Ramirez, do Bahia, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (22). Segundo o meio-campista do Flamengo, o adversário disse "cala boca, negro" a ele durante a vitória do time rubro-negro por 4 a 3, domingo (20), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro.
O atleta foi acompanhado na delegacia pelo vice geral e jurídico do clube, Rodrigo Dunshee de Abranches, pelo advogado Rômulo Holanda, além de seu pai, Marcão, que também é seu empresário. O jogador deixou o local sem conceder entrevista, mas deu uma declaração em vídeo publicada no perfil do Flamengo nas redes sociais.
— Vim falar sobre o ocorrido, mas não vim falar apenas sobre mim. Quero deixar bem claro que falo pela minha filha, que é negra. Pelos meus sobrinhos, que são negros. Meu pai, minha mãe, amigos... por todos os negros no mundo. Hoje tenho status de jogador de futebol e voz ativa para poder falar e dar força às pessoas que sofrem racismo ou outros tipos de preconceito — declarou.
O inquérito sobre o caso foi aberto na segunda-feira (21). Os dois atletas, além do técnico Mano Menezes e o árbitro da partida, Flávio Rodrigues de Souza, foram intimados a dar depoimento presencial sobre o episódio. Gérson foi o primeiro a ser ouvido na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Rio de Janeiro.
— Agora a questão tá entregue à Justiça e esperamos que a justiça seja feita — disse o vice jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee.
A pedido da CBF, o caso também será analisado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que informou que "aguardará o recebimento da súmula e vídeo da partida para analisar a denúncia de injúria racial" e também pontuou que "existe em sua legislação desportiva artigo específico para prática de atos discriminatórios e que, para esses casos, a tolerância é zero".
O Bahia também disse que continua apurando o caso. Se for enquadrado no art.243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), Ramirez pode pegar gancho de cinco a 10 jogos, além de multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil.
Ramirez negou as acusações. Em declaração para a TV do clube divulgada em vídeo na noite de segunda, o jogador afirmou que apenas pediu para o adversário "jogar rápido" e disse que "em nenhum momento foi racista com Gerson, nem com qualquer outra pessoa". Ele, porém, continua afastado do time.