O caso de injúria racial contra o meia Gerson, do Flamengo, vai levar Indio Ramirez, do Bahia, o técnico Mano Menezes e o árbitro da partida entre Fla e Bahia, no domingo (20), pelo Brasileirão, Flavio Rodrigues de Souza, para o banco dos réus. Eles foram intimados a dar depoimento presencial sobre o episódio de racismo. Gerson será o primeiro a ser ouvido pela delegada Marcia Noeli, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), do Rio de Janeiro, em inquérito aberto nesta segunda-feira (21).
De comum acordo com seu pai, que também é seu empresário, e com a diretoria do Flamengo, o jogador aceitou levar o caso adiante. No jogo, o colombiano Ramirez teria dito a seguinte frase ao rival: "Cala boca, negro". Na transmissão da TV, foi possível ouvir Mano Menezes dizendo que a acusação de Gerson era "malandragem".
Gerson não aceitou a injúria e pediu providências. Ele fez a acusação durante e após a partida vencida pelo Flamengo por 4 a 3, no Maracanã. Clubes do Brasil se colocaram ao lado do flamenguista no episódio, portanto, contra atos de racismo no futebol. O jogador passou mais de uma hora reunido com o pai e o vice geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, na Decradi nesta segunda-feira.
"Instaurei inquérito e combinei com o departamento jurídico do Flamengo para que o Gerson viesse aqui para que pudesse relatar tudo o que aconteceu. Pedi para CBF os documentos referentes ao jogo (súmula). Injúria racial é crime e tem de ser punido. Importante as pessoas entenderem que não pode haver mais racismo", disse a delegada Marcia Noeli.
O meio-campista vai dar seu depoimento na manhã desta terça (22), na delegacia especial, no centro do Rio. Ainda não há data para as outras pessoas serem ouvidas no inquérito. Depois da partida, o Bahia anunciou a demissão do técnico Mano Menezes e informou que afastou Ramirez por tempo indeterminado. O clube afirmou que o jogador negou veementemente as acusações, mas ressaltou que "é indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza".
O Flamengo também fez uma representação ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra Mano Menezes e Ramirez. O atleta pode pegar de cinco a dez jogos de suspensão, além de ser punido com multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil. Isso se for condenado por ato discriminatório, que está previsto no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O Tribunal já tem ciência do caso e aguarda encaminhamento.