No último sábado (10), o Santos anunciou a contratação do atacante Robinho com um vínculo válido por cinco meses. No entanto, o clube anunciou na noite desta sexta-feira (16) a suspensão do contrato com o jogador. Em novembro de 2017, o atleta foi condenado em primeira instância, na Itália, a nove anos de prisão por violência sexual. A decisão é contestada pela defesa do brasileiro, que entrou com recurso.
Uma reportagem do site ge.globo, publicada nesta sexta-feira (16), trouxe detalhes importantes da sentença e da transcrição dos grampos telefônicos que foram cruciais para o veredito da Justiça italiana. Nos trechos revelados, Robinho e amigos admitem que a vítima estava inconsciente no momento em que teria ocorrido o crime.
— Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu — disse Robinho, segundo a transcrição divulgada pelo ge.
Crime
O caso ocorreu em Milão, em uma boate chamada Sio Café, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. Na época, Robinho atuava pelo Milan. De acordo com a Procuradoria de Milão, o atacante, junto de outros cinco brasileiros, teria participado do crime de violência sexual em grupo contra uma jovem de origem albanesa.
Na reconstituição feita pela Justiça, detalhada pelo ge.globo, a vítima contou que foi até o local para comemorar o aniversário de 23 anos acompanhada de duas amigas. Robinho estava na boate ao lado da esposa e outros cinco amigos. Em depoimento, a jovem contou que havia conhecido o jogador dois anos antes.
Após a mulher de Robinho ter ido embora, a vítima disse que foi convidada a se juntar aos brasileiros. Ela relatou que o grupo passou a oferecer bebidas alcoólicas. Por volta da 1h30min, as duas amigas da jovem foram embora. Na sequência, ela contou ter ido para uma área externa da boate, no instante em que um dos amigos do atleta tentou beijá-la.
A violência contra a mulher teria ocorrido dentro do camarim utilizado pelo músico Jairo Chagas, que havia se apresentado no local. A vítima admitiu apenas se lembrar de "alguns flashes" do ocorrido. Ela recorda que ficou sozinha por alguns minutos até perceber que Robinho e um amigo estavam se "aproveitando" dela.
Investigação
Em abril de 2014, Robinho foi interrogado. O atacante admitiu que manteve relação sexual com a vítima, mas afirmou que ação foi consensual e não contou com outros envolvidos. No caso de Ricardo Falco, amigo do jogador que também foi condenado em primeira instância pelo crime, a perícia identificou a presença do seu sêmen nas roupas da jovem.
Com a investigação em curso, gravações de ligações telefônicas entre os acusados foram autorizadas pela Justiça italiana. Para a acusação, as escutas realizadas a partir de janeiro de 2014 são "auto acusatórias".
Em uma conversa com Falco, Robinho mostrou preocupação com a possibilidade da vítima prestar depoimento. Também segundo as autoridades, o jogador e o amigo chegaram a combinar as respostas que dariam no andamento do processo.
Condenação
O julgamento foi realizado na 9ª Seção do Tribunal de Justiça de Milão, em novembro de 2017, e foi conduzido por um colegiado de três juízes. Robinho e Ricardo Falco foram condenados em primeira instância com base no artigo "609 bis" do código penal italiano.
O trecho em questão fala da participação de duas ou mais pessoas em ato de violência sexual, com a ação de "forçar alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade física ou psíquica".
A decisão ainda não é definitiva. A defesa de Robinho e Falco entrou com recurso. Outros quatro brasileiros teriam participado do estupro. Como eles deixaram o país europeu durante a investigação, estão respondendo um procedimento à parte. A análise do processo em segunda instância deve ter início em 10 de dezembro.
Suspensão do contrato
O Santos anunciou, na noite desta sexta-feira (16), a suspensão do contrato com o jogador Robinho, confirmado como reforço do clube paulista no sábado (10). Em novembro de 2017, o atleta foi condenado em primeira instância, na Itália, a nove anos de prisão por violência sexual. A decisão é contestada pela defesa do brasileiro, que entrou com recurso.
Em nota no Twitter, o Santos disse que a decisão de suspender o contrato do jogador foi tomada em comum acordo para que ele possa focar atenções em sua defesa no processo.
"O Santos Futebol Clube e o atleta Robinho informam que, em comum acordo, resolveram suspender a validade do contrato firmado no último dia 10 de outubro para que o jogador possa se concentrar exclusivamente na sua defesa no processo que corre na Itália", diz a nota do Santos.
Contraponto
Em contato com o ge, o advogado italiano de Robinho, Alexsander Guttierres, preferiu não comentar as novidades as gravações entre os acusados apresentadas pela matéria. A defesa disse que irá sustentar na Corte de Apelo de Milão que a relação foi consensual.
"O artigo que enquadra meu cliente é claro. Fala em induzir alguém a beber ou tomar droga com objetivo de usufruir dela sexualmente. Não há provas de que isso aconteceu. Fazer sexo com uma pessoa bêbada ou drogada não fere a lei. Não estou dizendo que ele é uma pessoa perfeita. Ele mesmo reconheceu ter tido uma conduta pouco séria, mas crime não cometeu".
Ricardo Falco é defendido pela advogada Federica Rocca, que afirmou que o recurso apresentado irá pelo mesmo caminho, com o intuito de discutir se houve consenso ou não.
"Não há prova de que eles deram bebida a ela para se aproveitarem sexualmente".