A demissão de Bill O'Brien pelo Houston Texans trouxe de volta à tona um debate antigo na NFL: a falta de bons resultados dos treinadores oriundos da árvore de Bill Belichick, amplamente considerado o maior técnico de todos os tempos. O'Brien, que era visto por muitos como o melhor fruto, deixou o time texano com quatro títulos de divisão, mas pouco sucesso na pós-temporada e um histórico de problemas de relacionamento e, já na função de general manager, trocas no mínimo discutíveis.
Há vários outros exemplos de técnicos que foram assistantes de Belichick e tiveram pouco sucesso como head coaches na liga: Al Groh (New York Jets), Romeo Crennel (Cleveland Browns, Kansas City Chiefs e atual interino do Texans), Nick Saban (que é um dos maiores treinadores da história do futebol americano universitário, mas não deu certo na NFL pelo Miami Dolphins), Eric Mangini (New York Jets e Cleveland Browns), Josh McDaniels (Denver Broncos) e Jim Schwartz (Detroit Lions). Atualmente, Brian Flores (Miami Dolphins) e Joe Judge (New York Giants) ainda estão no começo de seus trabalhos, mas Matt Patricia (Detroit Lions) já corre risco.
Para João Victor Barbieri, do perfil Lions Pride BR, o desempenho de Patricia passa pelos problemas de relacionamento:
— Matt Patricia teve seus problemas com alguns jogadores. Snacks Harrison, Darius Slay, Glover Quinn e Quandre Diggs são alguns dos jogadores importantes que passaram por Detroit no regime do Patricia e falaram mal dele e dos seus métodos em público. Acredito que eles (técnicos da árvore de Belichick) talvez percam um pouco a mão na condução do elenco — observa.
Foi o temperamente, também, uma das chaves para a saída de O'Brien do Texans, na avaliação do perfil Texans BR:
— O maior problema do O'Brien sempre vai ser a forma como ele lida com as pessoas. Ele tem um dos gênios mais complicados da NFL. Desde a época do Patriots, já tivemos episódios dele "batendo boca" com o Tom Brady. Em Houston, teve notícias de que ele queria um time mais sério e por isso demitiu JJ Moses, diretor de desenvolvimento. Para quem acompanhou o time, houve diversos episódios, como bater boca com fãs, as saídas de DeAndre Hopkins e Jadeveon Clowney. Resumindo, o O'Brien tinha uma tendência a colocar seus sentimentos bem à frente das prioridades do time.
Histórico dos treinadores da árvore de Belichick:
Al Groh: 9-7
Romeo Crennel: 29-55
Nick Saban: 15-17
Eric Mangini: 33-47
Josh McDaniels: 11-17
Jim Schwartz: 29-51
Bill O'Brien: 52-48
Matt Patricia: 10-25-1
Brian Flores: 7-14
Joe Judge: 0-5
Estatística da semana
Bill Belichick se estabeleceu como head coach no New England Patriots. Mas, antes, teve uma passagem de pouco sucesso pelo Cleveland Browns. Foram 36 vitórias e 44 derrotas em cinco temporadas à frente do time — que logo depois seria realocado para se tornar o Baltimore Ravens, antes do surgimento de um novo Browns em 1999. No período, de 1991 a 1995, o Browns teve apenas uma temporada positiva, em 1994 — a única vitória em playoffs de Belichick com Cleveland foi justamente sobre o New England Patriots, antes de perder para o Pittsburgh Steelers.
Jogador/treinador fora do radar
Há também dois ex-jogadores de Belichick que viraram treinadores: Mike Vrabel, do Tennessee Titans, e Kliff Kingsbury, do Arizona Cardinals. Na comissão atual do Patriots, um ex-jogador chama atenção: Jerod Mayo. Ele atuou no time de 2008 a 2015 e agora é o técnico de inside linebackers. Para muitos, é provavelmente o próximo head coach a sair da árvore.
Fique de olho
Com a saída de O'Brien do Texans, o primeiro nome especulado foi Josh McDaniels. Depois do insucesso pelo Broncos, McDaniels fez algumas entrevistas para ter outra chance como head coach — chegou a se comprometer com o Indianapolis Colts em 2018 e voltou atrás. Depois do bom começo de trabalho com Cam Newton, o coordenador ofensivo pode receber novas oportunidades.
