Sim, pode parecer que faz mais. Mas completa-se nesta quarta-feira (15) um mês que a bola parou. Naquele domingo, 15 de março, o Gauchão teve a terceira rodada do segundo turno disputada com portões fechados. Na época, enquanto estava recém começando a preocupação com a propagação do coronavírus, os clubes ainda pensavam em buscar os reforços que julgavam necessários para o restante da temporada.
Mas a pandemia travou também o mundo dos negócios esportivos, para além do futebol em si. Ela atrasou o andamento de algumas tratativas, o que pode também significar que não serão vistas mudanças nas fotografias quando a temporada recomeçar.
Até não quer dizer que Grêmio e Inter tenham tirado os olhos do mercado, porém o foco dos dirigentes agora será em manter em dia a folha de pagamento. Só é importante, também, ficar de olho nos tais “negócios de ocasião”, tão importantes na hora de atender aos pedidos dos treinadores.
Necessidade de um centroavante
O Grêmio fez mudanças no grupo de 2019, que, apesar de ter conquistado vaga direta à fase de grupos da Libertadores, não chegou às decisões das competições nacionais e internacionais disputadas. As laterais foram modificadas e houve chegadas e partidas também no meio e no ataque, além do gol.
O clube trouxe o goleiro Vanderlei, os laterais Victor Ferraz, Orejuela e Caio Henrique, o volante Lucas Silva, o meia Thiago Neves e o atacante Diego Souza. As saídas de Léo Moura, Galhardo, Capixaba, Michel, Tardelli e Luan evitaram o acúmulo de nomes.
Mesmo assim, é sabido que o Grêmio, antes da chegada do coronavírus, buscava pelo menos um centroavante para ser reserva ou disputar posição com Diego Souza. André está fora dos planos. Luciano, a outra opção, oscila entre bons e maus momentos.
No meio, a resposta inicial de Thiago Neves tampouco foi a esperada, mas a pausa das competições para combater o vírus pode dar-lhe fôlego para uma nova tentativa. Além dele, Jean Pyerre está retornando e deve ganhar sequência. Para os lados, Alisson e Everton têm Pepê como reserva imediato. Como há chance de que um deles, Cebolinha ou Pepê, sejam negociados, e de que Ferreira não seja mais integrado após entrar na Justiça contra o clube, um nome para essa função poderia voltar à pauta.
Durante a pré-temporada e até no início de 2020, alguns atletas foram especulados (Pedro, Jô, Roger Guedes e Keno), e deixaram claro o interesse em reforçar os dois setores. Nos demais, há qualidade e quantidade.
Criatividade
A situação financeira, porém, trancou qualquer negociação. Segundo o vice de futebol do Grêmio, Paulo Luz, será necessário usar criatividade.
O dirigente afirmou estar “extremamente satisfeito com a unidade que se formou no vestiário”. Os sete reforços contratados, em sua visão, têm bastante a acrescentar e garantem boas opções.
— Vale ressaltar que o clube investiu muito para esta temporada. Evidentemente, seguimos sempre atentos ao mercado e, caso haja uma necessidade imediata, saberemos utilizar da criatividade para buscar suprir eventuais carências — finaliza.
Velocista para completar o ataque
Era público o interesse do Inter em um novo atacante. Veio de Eduardo Coudet a informação de que o clube buscava alguém para compor o sistema ofensivo, mesmo com a chegada de Gustavo. A ideia era encontrar um nome com ímpeto e velocidade, características diferentes das do ex-centroavante do Corinthians, com mais imposição física. Um reforço para, no mínimo, disputar posição com Thiago Galhardo. Hoje, o “reserva” é D’Alessandro, de outro estilo.
Em entrevista ao Grupo RBS, o técnico afirmou que um segundo atacante ainda estava nos planos, apesar de “agradecer os esforços da direção”. Hoje, o leque colorado conta com os titulares Guerrero e Galhardo, os reservas Gustavo e Pottker, a promessa João Peglow (que ainda não atuou pelos profissionais) e os adaptados D’Alessandro e Sarrafiore. Marcos Guilherme, mesmo atuando na meia, usa da velocidade para se juntar ao ataque.
Coudet revelou que o Inter fez contato com Taison, mas foi impossível trazê-lo de volta do Shakhtar Donetsk. Outros nomes, como Yony González (agora no Corinthians), foram cotados.
No meio, Nacho Fernández, do River Plate, era o preferido. Outro sonho foi Cervi, no Benfica, jogador de Chacho no Rosario Central. O setor até poderia apresentar carência, não fosse a versatilidade de Edenilson, que se adaptou tanto na faixa central quanto pelo lado direito. A boa última impressão deixada por Nonato diante do São José amenizou a busca. Além disso, um possível retorno de Rodrigo Dourado, ainda em fase de recuperação de lesão, preencheria o setor.
Bloqueado
Assim, a outra posição que poderia movimentar o mercado colorado é a defesa, que conta com três zagueiros em nível de titularidade: Fuchs, Moledo e Cuesta. O quarto nome tem sido Zé Gabriel, volante de origem, ou a inclusão dos meninos Roberto e Pedro Henrique.
— Estamos mais preocupados em cumprir os compromissos já firmados do que em adquirir novos. Por isso, bloqueamos as tratativas antes de entender o novo cenário que a pandemia nos dará quando a bola rolar novamente. A princípio, nosso grupo é esse até o final do ano — adiantou o vice de futebol do Inter, Alessandro Barcellos.
O Inter contratou, para a temporada 2019, os laterais-direitos Saravia e Rodinei, o esquerdo Moisés, o volante Musto, os meias Boschilia e Marcos Guilherme e os atacantes Thiago Galhardo e Gustavo.