A derrota da Argentina para o Brasil na semifinal da Copa América, nesta terça-feira (2), significou mais um insucesso na tentativa de Lionel Messi de conquistar um título com a camisa da seleção principal do seu país. O jogador, eleito melhor do mundo pela Fifa cinco vezes, acumula agora oito eliminações em mata-matas pelo time nacional.
Nas oito quedas – três em Copas do Mundo e cinco em Copas América – Messi teve algumas atuações apagadas, oportunidades em que jogou bem, mas em nenhuma delas conseguiu marcar gol com bola rolando. São oito jogos em que o camisa 10 passou em branco e também contou com pouca ajuda dos companheiros – a Argentina saiu do zero em apenas duas dessas partidas eliminatórias.
Curiosamente, na primeira competição que disputou com a seleção principal da Argentina, a Copa do Mundo de 2006, Messi não entrou em campo na derrota nos pênaltis para a Alemanha, na fase de quartas de final. Então com 19 anos, Messi era reserva de um ataque que tinha Hernán Crespo e Carlitos Tevez e foi preterido pelo técnico José Pékerman para entrar com bola rolando. Desde 2006, o craque do Barcelona foi titular nas oito eliminações argentinas.
As primeiras frustrações
A primeira derrota de Messi com a camisa argentina ocorreu em 2007, diante do Brasil. Os argentinos chegaram como grandes favoritos à final da Copa América disputada na Venezuela, mas acabaram sofrendo uma goleada de 3 a 0 da Seleção Brasileira treinada por Dunga. Ainda coadjuvante em um time que tinha nomes de peso como Riquelme, Verón e Tevez, Lionel Messi teve uma atuação apagada na partida.
Três anos depois, já eleito melhor do mundo pela Fifa uma vez, Messi chegou à África do Sul como grande nome da Copa do Mundo. Vestindo a camisa 10, ele até foi participativo diante da Alemanha nas quartas de final e acabou como o principal finalizador do jogo — mas nada que pudesse compensar a imensa superioridade germânica. Com uma atuação impecável no segundo tempo, os alemães aplicaram uma goleada de 4 a 0 e avançaram para a semifinal do torneio.
Derrotas em três finais seguidas
Quase. Assim esteve Messi para conquistar um título com a Argentina no triênio 2014 a 2016. Foram três finais em que a seleção argentina chegou, mas acabou sendo derrotada em partidas decididas no detalhe para Alemanha, uma vez, e Chile, em duas oportunidades.
O jogo mais importante de Messi pelo seu país ocorreu em 13 de julho de 2014, quando a Argentina enfrentou a Alemanha na final da Copa do Mundo, no Brasil. Naquele Mundial, o técnico Alejandro Sabella construiu o time mais organizado que Messi jogou pela seleção. Com ajuda coletiva, o craque teve boas atuações nos gramados brasileiros — marcou quatro gols e deu duas assistências — e acabou eleito o melhor jogador do torneio, mas foi embora sem a taça.
Na decisão, Messi sofreu com a boa marcação alemã e apareceu pouco na partida. Ele teve a chance de dar o título para a Argentina no começo do segundo tempo, mas mandou para fora uma finalização de dentro da área, frente a frente com o goleiro Manuel Neuer. Nos minutos finais da prorrogação, Mario Götze marcou o gol que deu o tetracampeonato para a Alemanha e acabou com o sonho do tri argentino.
Novos fracassos continentais
Aproveitando base de Sabella, a Argentina comandada por Gerardo Martino chegou à final da Copa América de 2015 com atuações que empolgavam, como na vitória de 1 a 0 sobre o Uruguai e a goleada de 6 a 1 em cima do Paraguai na semifinal. Messi novamente era a estrela do time que enfrentou o anfitrião Chile na decisão.
Como havia ocorrido diante da Alemanha, Messi novamente foi muito bem marcado na final contra o Chile. O camisa 10, porém, conseguiu tirar um coelho da cartola nos acréscimos do tempo normal. Aos 46 do segundo tempo, ele arrancou ainda do campo de defesa, passou por três marcadores e tocou para Lavezzi, que hesitou em chutar e cruzou para Higuaín. O centroavante, mesmo com o goleiro Cláudio Bravo batido, mandou para fora. A partida acabou indo para os pênaltis. Messi foi o único argentino a converter uma cobrança, e o Chile acabou campeão com placar de 4 a 1 nas penalidades.
O Chile voltou a ser adversário da Argentina na final da Copa América Centenário, de 2016, disputada nos Estados Unidos. Messi chegou à decisão como vice-artilheiro do torneio, com quatro gols, mas viveu seu pior momento em decisões. Após outro 0 a 0, a partida foi novamente para os pênaltis. Messi, desta vez, desperdiçou sua cobrança e acabou sendo o vilão na derrota argentina. Após a partida, o camisa 10 declarou que não voltaria a jogar pela seleção — decisão que voltou atrás dois meses depois.
Jogar bem não adiantou para salvar a Argentina
O consenso é que Lionel Messi teve uma boa atuação na derrota da Argentina para o Brasil nesta terça-feira, em Belo Horizonte. O camisa 10 chegou a acertar uma bola na trave, deixou Agüero na cara do gol e criou outras situações perigosas, mas novamente não conseguiu marcar e se viu eliminado do torneio.
O jogo no Mineirão não foi o primeiro decisivo em que a Argentina acabou eliminada apesar de contar com boa atuação de Messi. Em 2011, na Copa América em casa, a seleção foi eliminada pelo Uruguai nas quartas de final, nos pênaltis, também nesta situação. Naquela ocasião, o camisa 10 deu o passe para o gol do Higuaín e criou diversas chances para os argentinos na partida. Ele converteu sua cobrança nas penalidades, mas a defesa de Muslera no chute de Tevez custou a eliminação dos donos da casa.
Na última Copa do Mundo, em que a Argentina sofreu com uma desorganização coletiva e problemas no relacionamento dos jogadores com o técnico Jorge Sampaoli, a eliminação ocorreu para a França nas oitavas de final. Os argentinos até fizeram um enfrentamento complicado para a seleção que veio a ser campeã. Messi deu assistências na partida, mas elas foram insuficientes para evitar a derrota por 4 a 3.
Permanência garantida
Mesmo após mais uma eliminação, Messi descartou abandonar a seleção. Ainda no Mineirão, o camisa 10 garantiu que seguirá jogando pela Argentina e ainda defendeu a permanência do técnico Lionel Scaloni.
— Se puder ajudar, sempre estarei. Formamos um grupo lindo para crescer e, se puder estar, sempre estarei os acompanhando. Estamos começando algo novo, algo lindo. Há uma base importante. Os garotos amam a seleção e criamos uma boa base, é preciso dar tempo ao trabalho (do Scaloni).
As eliminações de Messi pela Argentina
- Copa América 2007 (final): Argentina 0 x 3 Brasil
- Copa do Mundo 2010 (quartas): Argentina 0 x 4 Alemanha
- Copa América 2011 (quartas): Argentina 1 (4) x (5) 1 Uruguai (converteu seu pênalti)
- Copa do Mundo 2014 (final): Argentina 0 x 1 Alemanha
- Copa América 2015 (final): Argentina 0 (1) x (4) 0 Chile (converteu seu pênalti)
- Copa América 2016 (final): Argentina 0 (2) x (4) 0 Chile (perdeu o pênalti)
- Copa do Mundo 2018 (oitavas): Argentina 3 x 4 França (duas assistências)
- Copa América 2019 (semi): Argentina 0 x 2 Brasil