No remo, a principal adversidade é o vento. Para os atletas do projeto Remar para o Futuro, as maiores barreiras neste momento são a saudade e o luto. Dois meses após a tragédia que vitimou sete atletas, o treinador e o motorista da van, o projeto tenta se reerguer. Alvo de muita atenção e promessas na época do acidente, a organização encara dificuldades financeiras e vê seus atletas voltando aos treinamentos com a missão dar continuidade o legado de seus companheiros para o futuro.
Nascido do sonho do treinador Oguener Tissot, morto na tragédia, o projeto almeja transformar a vida de estudantes de escolas públicas de Pelotas por meio do remo. E o Remar para o Futuro se tornou uma referência no esporte brasileiro.
Com um método assertivo na identificação de jovens talentos, o projeto revelou cerca de 60% dos atletas de base que integraram as seleções brasileiras nos últimos três anos. O projeto quebrou barreiras no remo, esporte considerado caro e de elite, ao colocar jovens da periferia de Pelotas entre os melhores do país.
Zero Hora conversou com os atletas João Milgarejo, 17 anos, e Brenda Madruga Freitas, 18, para saber como está sendo o retorno às atividades. O primeiro é o único sobrevivente da tragédia, enquanto a segunda não estava na van porque precisou retornar antes de São Paulo. A reportagem conta também o que mudou no projeto após dois meses do acidente e quais são as projeções do Remar para o Futuro.
Clique nos links abaixo e leia as matérias sobre os atletas do Projeto Remar
Como foi o acidente
Os atletas estavam retornando para Pelotas após participarem do Campeonato Brasileiro de Remo, em São Paulo. No torneio, a equipe que representou o Clube Centro Português 1º de Dezembro conquistou sete medalhas e ficou em sexto lugar geral entre 30 participantes.
A tragédia ocorreu na BR-376, nas proximidades de Guaratuba, no Paraná. Nove pessoas morreram após um caminhão colidir com a van de turismo onde estava a equipe do projeto Remar para o Futuro na noite do dia 20 de outubro. Sete jovens, com idades entre 17 e 21 anos, perderam a vida, além do motorista do veículo e do treinador.
O acidente vitimou os atletas Angel Souto Vidal, 16 anos, Helen Belony, 20, Henri Fontoura Guimarães, 17, João Pedro Kerchiner da Silva, 17, Nicole da Cruz, 15, Samuel Benites Lopes, 15, Vitor Fernandes Camargo, 17. O treinador Oguener Tissot, 43, e o motorista Ricardo Leal da Cunha, 52.
O motorista do caminhão que causou a colisão foi indiciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor, conforme o artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro. A pena pode chegar a até quatro anos de prisão, além da suspensão ou proibição de obter a habilitação para dirigir. O proprietário do caminhão também foi indiciado por homicídio culposo.