A visibilidade conquistada de forma trágica após o acidente ainda não resultou em retorno financeiro para o Projeto Remar para o Futuro. Atualmente, os organizadores contam com recursos da Prefeitura de Pelotas e de emendas parlamentares, mas, muitas vezes, precisam recorrer ao próprio bolso para manter as atividades em andamento.
A verba de R$ 600 mil prometida pelo Ministério dos Esportes ainda não foi liberada, e o projeto enviado ao governo federal, aguarda aprovação.
Fabrício Boscolo, coordenador do projeto, assumiu todas as funções administrativas que antes eram desempenhadas por Oguener Tissot, um dos nove mortos na tragédia.
Cada vez que eu estou no barco, eu lembro deles. Isso vai ser o meu combustível para me dar força na vida.
JOÃO MILGAREJO
Único sobrevivente do acidente
Após a morte do amigo, Boscolo não teve tempo para viver o luto e decidiu transformar a dor em força. Coube a ele a missão de levar o projeto adiante no momento mais difícil desde a criação do Remar, há nove anos.
— Eu penso muito no que o Oguener me falaria. Tenho certeza de que ele diria para não perder um minuto sequer e que deveríamos seguir nossas atividades, e foi isso que fiz — comenta o coordenador.
A sede do projeto carece de melhorias
Uma rampa, utilizada para transportar os barcos até a água, foi danificada após um temporal e está interditada. O galpão, onde os equipamentos são armazenados, apresenta problemas no telhado. Além disso, a embarcação de apoio usada nos treinamentos também está com problemas. Na espera dos recursos federais, o grupo planeja buscar apoio da iniciativa privada para os reparos.
Os organizadores ainda decidem se a equipe vai participar de competições em 2025. Além dos motivos financeiros e logísticos, o fator psicológico dos atletas também é avaliado.
Um grupo de psicólogos voluntários oferece apoio às famílias e aos atletas. Semanalmente, são realizadas reuniões coletivas, e, quando é identificado algum caso que precise de atenção especial e individual, são agendadas sessões de terapia ou realizados encaminhamentos psiquiátricos.
A dor e o luto pela perda dos colegas e do treinador estão presentes em cada remada e devem demorar a passar.
A vontade de honrar o legado de Oguener e dos demais colegas será constante, impulsionando os atletas a seguirem em frente.
— Cada vez que eu estou no barco, eu lembro deles. Isso vai ser o meu combustível para me dar força na vida. Vai ser o combustível para eu continuar treinando e dar o meu melhor. Honrar a história de cada um através do remo e do esporte — afirma João Milgarejo, único sobrevivente do acidente.
Projeto busca novos talentos
O projeto, que completa 10 anos em 2025, está em busca de novos talentos, com 15 vagas em aberto. As vagas deverão ser preenchidas por estudantes da rede municipal de ensino da cidade. Para ingressar, os jovens devem ter entre 13 e 14 anos em 2025. Além disso, os meninos de 13 anos devem ter altura de no máximo 1m70cm e as meninas, 1m68m. Já os que terão 14 anos no próximo ano devem ter, no caso dos meninos, 1m75m no máximo e, das meninas, 1m74m.
Ao todo, 35 estudantes já foram pré-selecionados, por meio de avaliações antropométricas (envergadura e massa corporal) e físicas (resistência, força, velocidade e flexibilidade), mas quem não foi selecionado e se enquadra nos parâmetros e tiver interesse pode entrar em contato através das redes sociais do projeto.