Uma verdadeira aula. Assim foi a entrevista coletiva de Óscar Washington Tabárez, técnico do Uruguai, na tarde desta quarta-feira (19), na Arena do Grêmio. Aos 72 anos, El Maestro dominou o ambiente com perguntas sobre sua equipe, o adversário, a atualidade do futebol em vários aspectos dentro e fora de campo.
Com grande desenvoltura, Tabárez falou por cerca de 40 minutos. E não deixou ninguém sem respostas. Ao final, foi aplaudido pela maioria dos jornalistas presentes, grupo este formado por brasileiros, uruguaios e japonês, além de representantes de outros países.
Sobre o jogo contra o Japão, o comandante afirmou que poderia enumerar todas as características da equipe rival, como velocidade e resistência. Porém, por se tratar de um time sub-23, que busca ganhar experiência para a disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no próximo ano, ele disse que qualquer tipo de análise ficaria prejudicada.
— Independente de qualquer coisa, acredito que uma conferência de imprensa serve para demonstrar respeito pelo outro — disse.
Em determinado momento, mesmo que o questionamento não fosse ligado ao empate do Brasil com a Venezuela, Tabárez usou a partida como exemplo, ao falar sobre táticas e objetivos.
— Ontem (terça-feira) tivemos um exemplo. O Brasil teve o controle da bola e da partida. Porém, quase ninguém lembrou do excelente trabalho executado pela Venezuela. Para mim, foi maravilhoso. Mas hoje em dia falar em defender é quase um sacrilégio — afirmou o técnico de quatro Copas do Mundo.
Segundo ele, justiça no futebol é algo difícil de definir:
— Rendimento e resultado nem sempre estão ligados. Às vezes não andam juntos. O futebol não premia o esforço, o desempenho, mas sim quem faz mais gols.
Óscar Tabárez acredita que os elogios ao seu trabalho na seleção uruguaia são reflexo do que é feito pelos jogadores.
— Quando saí do Boca, em 2002, fiz três anos sabáticos. Nesse tempo, pensei em como recolocar o futebol uruguaio na atual realidade, não esquecendo sua tradição e competitividade. É um trabalho que vem integrado com as seleções juvenis. Dessa forma, oportunizamos muitos jovens a entrar no grupo. E quando ouço falar bem do meu trabalho, da seleção, recebo com muita humildade, antes de tudo — contou.
Para o campeão da Copa América de 2011, a distância entre sul-americanos e europeus será cada vez maior, em virtude dos aspectos financeiros.
— Eles estão fortalecidos. Tem torneios de clubes, uma Liga das Nações, o Mundial de Clubes tem outro formato, com mais participantes. Cada vez mais fica difícil ganhar — constatou ao lembrar que falta intercâmbio para as seleções e equipes da América do Sul.
Com Óscar Tabárez, o Uruguai enfrentará o Japão nesta quinta-feira, às 20h, na Arena do Grêmio. A equipe busca vaga nas quartas de final e, acima de tudo, tenta resgatar a essência do futebol, que segundo El Maestro está no coletivo, nos relacionamentos, na comunicação, aspectos que ele acredita que deva trabalhar e que não podem ser superados ou estudados pelos adversários.