Depois da confirmação de que o atacante Richarlison contraiu caxumba, equipes da prefeitura de Porto Alegre vacinaram todo o grupo que compõe a Seleção Brasileira. O chamado bloqueio vacinal foi feito logo após a partida, na noite desta quinta-feira (27), em que o Brasil venceu o Paraguai nos pênaltis e avançou à semifinal da Copa América.
Os agentes da Secretaria Municipal de Saúde levaram cerca de 70 doses da tríplice viral ao local. Além dos jogadores, foram imunizados membros da comissão técnica e funcionários do hotel que tiveram contato com Richarlison. O jogador está isolado, já que a doença é altamente contagiosa.
O médico Benjamin Roitman, da Vigilância em Saúde da Capital, explica que o bloqueio vacinal é importante para impedir que a doença se espalhe rapidamente:
— Algumas pessoas podem ter os sintomas mesmo com a vacina de ontem (quinta-feira), porque podem já ter sido contaminadas. Mas a vacina tem uma resposta rápida, e isso evita que a transmissão se prolongue e atinja mais pessoas.
A caxumba é transmitida por via aérea, por meio da disseminação de gotículas ou por contato direto com secreções respiratórias ou saliva de pessoas infectadas. A doença não é considerada grave, mas o paciente pode apresentar sequelas temporárias se não for tratado. A caxumba caracteriza-se por processo inflamatório das glândulas salivares, principalmente parótidas, e pode ser precedida ou acompanhada por sintomas como febre baixa, dor no corpo, dor de cabeça, dor de ouvido e mal estar.
O relatório da Secretaria Estadual de Saúde (SES) aponta que a doença tinha alta incidência entre pessoas de dois a quatro anos de idade na década de 1980. Os índices começaram a cair no fim da década de 1990 e no começo dos anos 2000 após a implantação da vacina tríplice viral, que começou a ser disponibilizada na rede pública em 1997. A partir de 2015, no entanto, voltaram a ser registrados casos da doença em maior quantidade, principalmente em pessoas de 15 a 29 anos.
— Isso significa que a cobertura vacinal não está tão boa, ou que as pessoas estão com o esquema de vacinação incompleto, tomando apenas uma dose quando crianças, em vez de duas. Em todo o mundo os casos da doença têm voltado a aparecer com mais frequência. Está sendo pesquisado se a eficácia da vacina está diminuindo — explica Roitman.
O Rio Grande do Sul registrou 15.507 casos da doença em 2016 e 7.151 em 2017, de acordo com o último relatório publicado pela SES. A recomendação é de que as crianças recebam uma dose da vacina tríplice viral aos 12 meses, e uma dose da tetraviral aos 15 meses. As pessoas não vacinadas quando crianças devem tomar uma única dose, entre os 29 e 49 anos, da tríplice viral. A vacina encontra-se disponível gratuitamente nos postos de saúde.