A preparação da Seleção Brasileira para a Copa América ficou em segundo plano às vésperas da competição continental em função da acusação de estupro que Neymar recebeu de uma brasileira por um incidente em Paris. Por isso, GaúchaZH convidou seus colunistas a opinar: o jogador do PSG deve ser cortado?
Ele se enrola fora do campo, mas o Neymar é o craque que temos. O único, aliás. De resto, temos bons jogadores. Sendo que grande parte deles não é nem sequer titular absoluta em seus clubes. No Sala de Redação, tivemos como resultado da pesquisa interativa 65% dos internautas querendo sua desconvocação após os escândalos recentes. Discordo.
Se condenado, Neymar terá de pagar por seus atos. Mas, por enquanto, é apenas uma acusação. Uma coisa são os problemas pessoais, outra é a capacidade técnica e o que ele pode contribuir dentro de campo. Ele faz diferença. É, disparadamente, o melhor de todos. Só Neymar é cogitado para ser o melhor do mundo em nosso país. A mim, pouco importa que ele seja exibido, que faça festas e que chegue ao treino em seu helicóptero particular. Tudo isso só passa a importar se o desempenho de seu futebol cair. No campo, quero ele e seu grande futebol.
Estupro é um crime abominável e nojento, cometido por covardes sem caráter. Mas, se a acusação contra Neymar for mentira, então será uma falsidade igualmente terrível. Não só pela injustiça contra a reputação, mas pelo dano ao combate à violência contra as mulheres.
Cortá-lo seria um erro. Equivaleria à condenação prévia. No trabalho, há unanimidade: sua conduta é exemplar.
Se Neymar é mesmo inocente, como indica o depoimento do próprio advogado da acusadora, ao afirmar que sua agora ex-cliente mentiu para a polícia, que o craque enfrente o revés de peito aberto, respondendo a provocações com um futebol indignado, em nome da Seleção, e deixe a investigação trazer a verdade à tona. Terá de encarar tudo de peito aberto e resiliência.
A polícia vai avaliar as conversas e vídeos por celular mostradas por ele para se defender. E dizer se a acusação se sustenta ou não. Melhor prova de maturidade não poderia haver, enfim, por parte de Neymar. Que o episódio lhe sirva de lição.
Chega desse papo de Menino Ney.
É extremamente delicado emitir qualquer opinião sobre a situação em que Neymar acabou se envolvendo em Paris. A acusação de estupro é algo extremamente sério. Somente a investigação policial poderá esclarecer a questão. Algo que será muito demorado e desgastante para todos os lados.
Muito questionado na entrevista coletiva desta segunda-feira, em Teresópolis, Tite evitou tecer maiores comentários. Ele disse que conversou com o atleta do PSG e que não faria qualquer julgamento sobre o caso. Está correto. Publicamente, o treinador da Seleção Brasileira não deve entrar na discussão.
Pensando no grupo, Tite deveria avaliar muito bem a permanência de Neymar para disputar a Copa América. O próprio treinador disse que o meia é imprescindível, mas ninguém é insubstituível. Óbvio que a qualidade técnica dele fará muita falta.
No atual momento, o jogador está fora do prumo, sem condições de ficar focado nas questões dentro de campo. A polícia já bateu na Granja Comary para intimar o atleta, que deverá prestar depoimento na sexta-feira. Não dá para apenas virar a chave e agir como se nada tivesse acontecido. É preciso liberar Neymar para cuidar da vida.
A discussão é muito maior do que o corte ou não do Neymar da Seleção. Uma desconvocação da Copa América não é absolutamente nada diante de uma acusação de estupro. Antes que a denúncia seja apurada até as últimas consequências, não há como se posicionar, seja para um lado ou outro. O que há até aqui são versões de um fato e poucos esclarecimentos concretos e, diante da gravidade da acusação, Neymar não deveria ser cortado, ele deveria pedir dispensa. Quando demonstra que a sua prioridade é disputar a Copa América e somente depois se preocupar em se defender da acusação, passa a impressão de menosprezo ao caso. Quando colocamos a responsabilidade do corte de Neymar nas mãos da CBF, mais uma vez, estamos protegendo o jogador, e já passou da hora de ele encarar os seus problemas sem que alguém decida por ele.
Neymar só deveria ser cortado se ele demonstrasse falta de condições de estar na Seleção. Caso contrário, Tite tem nele seu principal jogador, o grupo o apoia integralmente, e não é de hoje que uma maneira de superar toda a turbulência é fazer aquilo que ele tem como especialidade: jogar futebol. Não cortar Neymar, porém, não significa dar carta branca a todos seus atos. Tanto que, se ele, dentro de campo, mostrar efeitos da perturbação por problemas externos, merecerá a perda da titularidade — isto também precisará ser encarado como algo natural. Neymar tem um problema pessoal. A Seleção exige dele seu lado profissional. Com ele garantindo que as coisas podem ser separadas, não há porque tirá-lo do grupo.