Uma caminhada de 73 anos, entre idas e vindas, escreveu a história que terá o capítulo mais importante a partir desta quinta-feira (30). Após mais de sete décadas, a NBA terá uma decisão com um time de fora dos Estados Unidos na disputa — o Toronto Raptors, do Canadá, tentará interromper a hegemonia do Golden State Warriors — os jogos terão transmissão da Band e da ESPN.
A primeira tentativa de instituir um time canadense nasceu junto com a NBA, quando a liga foi criada ainda sob o nome de Basketball Association of America (BAA), em 1946. O Toronto Huskies falhou, no entanto, e durou apenas uma temporada. Cinco décadas depois, no meio dos anos 1990, a NBA já estava consolidada como uma grande liga e decidiu investir mais uma vez no mercado canadense. Assim, surgiram o Toronto Raptors e Vancouver Grizzlies, que jogaram a partir de 1995. O Grizzlies não deu certo e foi realocado para a cidade de Memphis, nos Estados Unidos, em 2001. Mas o Raptors teve mais aporte financeiro, times mais competitivos, mais astros — como Vince Carter e Chris Bosh — e sobreviveu.
— Toronto já era um dos maiores mercados da América do Norte, e o Blue Jays (time canadense da Major League Baseball) vinha de dois títulos seguidos na World Series. O hóquei era, e continua sendo, o maior esporte no Canadá, mas eu acredito que os executivos da liga viram uma abertura para desenvolver o alcance do basquete ao norte da fronteira — explica Sean Fitz-Gerald, editor-chefe do site The Athletic Toronto.
As dificuldades se amenizaram aos poucos. O dólar canadense, que é mais barato do que a moeda americana, deixou de ser um fator decisivo para o sucesso de uma franquia, porque as cotas de televisão dos Estados Unidos também são pagas ao Raptors.
O crescimento do esporte no Canadá rendeu frutos, além do sucesso de um dos times. Atualmente, são 13 jogadores canadenses na liga, o país que mais tem representantes além dos Estados Unidos — foram duas primeiras escolhas de draft de forma consecutiva, com Anthony Bennett e Andrew Wiggins, em 2013 e 2014.
— Eu estava aqui há 25 anos, quando expandimos para o Canadá. E acredito que, se nós voltássemos no tempo e disséssemos quais eram nossas maiores esperanças e projeções para o basquete no Canadá, nós as atingimos — comemorou Adam Silver, comissário da NBA, em entrevista recente à CBC. O dirigente abre as portas, inclusive, para que o país volte a ter duas equipes no futuro, ainda que não haja expectativa para uma nova expansão da NBA para os próximos anos.
Ainda que a NHL seja a liga mais popular no Canadá, e as finais tenham começado na segunda-feira entre Boston Bruins e St. Louis Blues, Sean Fitz-Gerald acredita que a NBA pode render até mais audiência:
— É absolutamente justo pensar que a NBA terá mais atenção ao redor do Canadá neste ano. Nenhum time canadense ganha a Stanley Cup (troféu da NHL) desde 1993, e nenhum passou da segunda rodada dos playoffs nesta primavera. Isto deu às pessoas bastante tempo para esquecer os playoffs do hóquei e voltar suas atenções à NBA e ao Raptors.
O Toronto Raptors virou uma paixão nacional. E, pelas próximas semanas, liderado por Kawhi Leonard, representará as esperanças de um país inteiro contra o melhor time da história recente do basquete.
Calendário das finais
30/5 (quinta), 22h, Toronto Raptors x Golden State Warriors
2/6 (domingo), 21h, Toronto Raptors x Golden State Warriors
5/6 (quarta), 22h, Golden State Warriors x Toronto Raptors
7/6 (sexta), 22h, Golden State Warriors x Toronto Raptors
10/6 (segunda), 22h, Toronto Raptors x Golden State Warriors
13/6 (quinta), 22h, Golden State Warriors x Toronto Raptors
16/6 (domingo), 21h, Toronto Raptors x Golden State Warriors