Crítico assumido do governo de Recep Erdogan, presidente da Turquia desde 2003, o pivô Enes Kanter, da NBA, levantou mais uma polêmica sobre seu país de origem nesta quinta-feira (2). Desta vez, o jogador do Portland Trail Blazers usou o Twitter para queixar-se de censura.
— Que país bagunçado liderado por Erdogan. Único turco jogando esta noite, e a conta oficial da NBA na Turquia está me censurando. Eles não exibem (na televisão) os jogos do Blazers na Turquia. O governo controla as pessoas, isso é um problema. Como a NBA pode permitir isso? — questionou.
Um dos destaques da franquia de Portland nestes playoffs (terceiro maior pontuador e líder do time em rebotes), Kanter ajudou sua equipe com 15 pontos e nove rebotes na vitória por 97 a 90 sobre o Denver Nuggets, na quarta-feira, fora de casa. Ainda assim, o perfil da liga norte-americana na Turquia destacou atuações de jogadores como CJ McCollum, Damian Lillard, Rodney Hood e Al Farouq Aminu e não citou a contribuição de Kanter. O confronto, válido pela semifinal da Conferência Oeste da liga, está empatado em 1 a 1 – avança o time que chegar a quatro vitórias primeiro.
De acordo com o repórter Royce Young, da ESPN norte-americana, durante o confronto da noite de quarta, um fã dos Nuggets teria gritado que o jogador deveria retornar ao país onde nasceu. Em maio de 2017, Kanter teve seu passaporte confiscado em um aeroporto da Romênia. Neste ano, ficou de fora de amistoso da sua equipe em Londres, por receio de embarcar ao país europeu.
— Eu queria poder voltar à Turquia para ver a minha família, mas escolhi apoiar a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Sou grato por ter o apoio da maioria dos americanos. Nuggets, controlem seus fãs, isso machuca — escreveu.
As manifestações de Kanter contra Erdogan começaram em 2016. O jogador tornou-se próximo do escritor Fethullah Gulen, acusado pelo governo turco de ser um dos mentores da tentativa de tomada de poder que ocorreu no país há três anos. Aos 78 anos, Gulen vive exilado na Pensilvânia, Estados Unidos.