O UFC 234, no dia 9 de fevereiro, deve marcar mais um ponto importante da trajetória de Anderson Silva no MMA. Em duelo pelo peso médio (até 84 quilos), o veterano brasileiro, 43 anos, irá enfrentar o nigeriano Israel Adesanya, 29. Caso vença, Anderson já indicou que deve tentar o cinturão da categoria para, aí então, se aposentar.
No entanto, do outro lado, terá um adversário duro: em 15 lutas no MMA, Adesanya conquistou 15 vitórias. E mais do que isso: terá como rival um admirador.
— Eu espero que Anderson apareça como em seus velhos dias, no auge de sua forma — disse o nigeriano, que mora desde a adolescência na Nova Zelândia, em entrevista por telefone — Sou um fã de Anderson há muitos anos — completou.
Uma vitória de Adesanya na luta, que acontecerá em Melbourne (Austrália), pode até aposentar Anderson Silva. Mas o rival não vê o brasileiro como um lutador à beira do fim de sua trajetória profissional. Pelo contrário.
— Anderson pode lutar, e acho que a luta vai ser uma luta dura — previu o lutador, 14 anos mais jovem que seu adversário.
Em 18 de dezembro, durante entrevista coletiva, Anderson Silva falou sobre a luta. Fez elogios ao Adesanya — segundo ele, "um grande lutador" — e disse que o nigeriano não deve ser visto como seu sucessor no MMA, muito embora o adversário seja considerado por muitos um "clone" do brasileiro.
— Acho que ele é muito talentoso, é jovem, tem um futuro brilhante pela frente neste esporte — disse o brasileiro. — Acho que Israel não é uma nova versão minha. Mas acho que essa luta será interessante, porque acredito que será a primeira vez que terei um rival com o mesmo estilo. É um bom teste para minhas habilidades em artes marciais.
Israel Adesanya adotou discurso parecido. Em tom elogioso, dispensou as provocações. Questionado, o nigeriano até admitiu a possibilidade de alguma trash talk, mas talvez apenas na entrevista coletiva antes da luta.
— Não sei o que pode acontecer — afirmou — É parte do show, como você disse.
Ao longo de sua carreira, Anderson Silva treinou lutas como muay thai, boxe, jiu-jitsu e taekwondo. Israel Adesanya, por sua vez, se especializou em boxe — foram seis lutas profissionais entre 2014 e 2015, com cinco vitórias (uma delas por nocaute) e uma derrota — e kickboxing. No kickboxing, a carreira foi mais longeva. Entre 2011 e 2017, lutou 80 vezes, com 75 vitórias (48 nocautes), cinco derrotas (um nocaute) e um empate.
Curiosamente, duas das raras derrotas, inclusive um nocaute, aconteceram diante de outro brasileiro: o paulista Alex Pereira. Em 2016, eles se enfrentaram na primeira edição do Glory of Heroes, em Shenzen (China), e o brasileiro — que faz parte do staff de treinamento de Anderson Silva — levou a melhor na categoria até 85 kg.
A revanche veio no ano seguinte, na sétima edição do evento chinês. Desta vez, a luta aconteceu em São Paulo, e o brasileiro nocauteou o rival.
— Eu venci a luta, mas os juízes deram a ele a vitória — lembra Adesanya. Já na segunda luta, o nigeriano lembra que estava "batendo nele" até ser surpreendido com um golpe de esquerda.
Agora, o jovem nigeriano tem a chance de vencer seu ídolo Anderson Silva no UFC. No entanto, garante que não fez uma preparação diferente para o combate.
— Treinei com bons caras que podem ajudar, um pouco de boxe — explicou. — Mas nada mudou.