De férias em Salvador, na Bahia, Marcelo Moreno planeja seu futuro para o ano que vem. Livre no mercado após o término de seu contrato com o Wuhan Zall, da China, o atacante de 31 anos recebeu sondagens de Grêmio, de Inter e de outros clubes brasileiros. No entanto, ainda não definiu onde atuará na próxima temporada.
O próximo passo na carreira será decidido em conjunto com Fabiano Farah, seu empresário, quando retornar a Porto Alegre nos próximos dias. Nesta entrevista a GaúchaZH, Moreno fala sobre sua ligação com a capital gaúcha, onde ainda mantém residência, sua passagem pelo Grêmio entre 2012 e 2015 e as polêmicas com o técnico Vanderlei Luxemburgo. Também comenta sua mudança de posição na China, passando a atuar também como meia, o sonho de trabalhar com Renato Portaluppi e os objetivos na carreira, que ele diz estar longe do final:
— Quero ganhar Libertadores e Mundial. Faltam estes títulos, vou correr atrás.
Qual é sua situação no futebol chinês e sua perspectiva para 2019?
Fiquei quatro anos na China. Agora, o contrato já terminou. Estou livre, vamos avaliar as situações que se apresentarem a mim e a meu procurador. Tem chegado muito empresário conversando, oferecendo propostas. Temos que analisar a situação com calma para ver se é o melhor, neste momento, voltar ao Brasil.
Você tem ligação com Porto Alegre, até por ter residência aqui. Por isso, teria preferência em voltar para cá?
É algo que te puxa um pouco. Até pelo fato de a família da minha esposa ser daí, a gente gosta muito. Me identifiquei bastante com Porto Alegre, o torcedor gremista sempre me tratou muito bem. Mas meu empresário está me passando as situações que tenho dentro do Brasil. Acredito que vamos resolver neste mês, o Brasileirão recém terminou agora.
Você foi consultado por Grêmio ou Inter?
Sempre tem sondagens. Acredito que nada oficial, pelo o que meu empresário tem me passado. Nesse mês é que as coisas começam a esquentar mais, a janela acabou de abrir. Então, temos de pensar onde que eu me encaixaria melhor. Mas sondagens do Grêmio, do Inter e de outros clubes do Brasil, eu recebi. Só que nada concreto.
O que mudou em sua carreira neste período na China?
A gente fica mais experiente. Os anos passam, a gente joga até mais fácil. Nesses anos, pude amadurecer. Estar com a minha família, conhecer o futebol asiático. E também a proposta que eles fizeram para mim, de mudar a posição e jogar como meia. Várias situações que foram se mostrando para que eu pudesse aprender. Hoje, me sinto mais experiente. Se voltar ao Brasil, posso contribuir neste sentido. Minha passagem pelo Grêmio, também, se não fosse a polêmica que tive com o Luxemburgo, teria sido excelente. Mas isso é passado, quero focar no que está por vir agora.
Marcou muito na sua carreira essa polêmica com o Luxemburgo?
Sem dúvidas, marcou. O torcedor sempre me pergunta na rua porque saí do Grêmio.
E a resposta é clara: foi por ele e pelo desentendimento que aconteceu. Ele nunca me deu
um argumento no final, nunca fui indisciplinado. Sempre trabalhei corretamente e, infelizmente, fui injustiçado pela diretoria que estava naquele momento lá. Mas foi algo que aconteceu, já passou e estou tranquilo. Volto para Porto Alegre e recebo carinho tanto dos torcedores do Grêmio quanto do Inter. Isso me deixa muito contente.
Você viu de perto os jogos do Grêmio nas finais da Copa do Brasil 2016. Você seguiu acompanhando o clube mesmo de longe?
Com certeza. Tenho carinho grande pelo Grêmio, sempre me trataram muito bem. Estamos falando de uma diretoria antiga, não tem nada a ver com a atual, que é vitoriosa. Sempre acompanhei o clube, desde quando estava na China. Tenho companheiros que estão aí e desejo o melhor para eles. Fico feliz pelos títulos que conquistaram, a torcida precisava.
Você mantém contato com alguém do atual grupo do Grêmio?
Tenho amizade com muitos jogadores. A gente não se fala frequentemente, mas mais pelo Instagram ou WhatsApp. O Marcelo Grohe, Geromel, Kannemann também, com quem eu converso em espanhol. Muitas vezes a gente troca o número de telefone, perde o contato e acaba se falando quando se vê no estádio ou visita o hotel.
Como seria trabalhar com o técnico Renato Portaluppi?
O Brasil todo acabou vendo o trabalho dele. É um cara excepcional, carismático dentro e fora de campo. Sabe tratar muito bem os jogadores, e isso é fundamental. Com certeza, seria lindo trabalhar com o Renato. Acredito que qualquer jogador quer ser comandado por um bom treinador.
Você já começa a planejar o fim da sua carreira?
Não. Quero ganhar Libertadores e Mundial. Faltam estes títulos, vou correr atrás. Independentemente do time, sou muito profissional e vou buscar esse objetivo.
Além do Grêmio, você é muito identificado com o Cruzeiro. Qual outro clube te faria olhar diferente?
Não escondo que me identifico bastante com o Cruzeiro. A torcida me respeita demais pelo que fiz em campo e os títulos que ganhei. Torço pelo Cruzeiro, e isso todos sabem. Não preciso falar bonito de Grêmio ou Flamengo, clubes pelos quais passei. Sou direto e franco: se receber proposta destes times, vou analisar com meu empresário e vamos ver qual vai ser a melhor opção. Com certeza, vou escolher observando onde eu posso me encaixar melhor.
O calendário no Brasil é diferente do chinês. Com uma pré-temporada, você se readaptaria?
É diferente. Na China, tinha 30 jogos na temporada e muitos amistosos. O Campeonato Brasileiro emenda a Libertadores, Copa do Brasil, tem Estadual e, então, tenho que voltar a me adaptar. Eu já estou me preparando. Estou de férias, mas estou treinando e mantendo a forma. Vou mantendo esse trabalho para, quando definir a situação, estar fisicamente bem.