
Para quem abomina a fórmula de pontos corridos, a França está entregando um prato cheio. A Federação Francesa de Futebol apresentou no começo da semana uma proposta de alteração na fórmula do campeonato nacional, a Ligue 1.
Em vez de todos contra todos e o time com mais pontos leva a taça, a FFF sugere que a competição ganhe um quadrangular final com os quatro melhores colocados ao final das 34 rodadas, formato de semifinal e final. A definição dos classificados às Copas europeias sairia da tabela da fase classificatória.
A proposta de mudança da FFF é motivada pela preocupação com a supremacia do PSG, campeão em 11 das últimas 13 temporadas. Nessa, a superioridade foi tamanha que o título veio na 28ª rodada.
O principal ponto, porém, é a crise vivida pela Ligue 1, que vem se arrastando com a queda na renovação dos direitos de TV. O contrato do ciclo 2019-2024 havia custado 714 milhões de euros à Amazon, e o presidente da Liga, Vincent Labrune, havia anunciado que só aceitaria negociar o ciclo 2024-2029 por 1 bilhão de euros.
A Amazon não apresentou proposta de renovação, e a temporada 2023-2024 havia terminado sem que os direitos de TV tivessem sido comercializados. O que alarmou os clubes, em dificuldades financeiras e temerosos de novos casos Bordeuax, rebaixado para a última divisão por dívidas e má gestão.
Queda nos valores e insegurança
Só durante os Jogos Olímpicos, em Paris, é que a Ligue 1 conseguiu fechar a venda com a DAZN e a beIn Sports (canal do governo do Catar e primo do PSG, por conseguinte). Faltavam 15 dias para o começo da competição. Os clubes, que buscavam 1 bi de euros, tiveram de se contentar com 660 milhões (quase 40% menos).
Uma cláusula coloca medo. Se não alcançar 1,5 milhão de assinantes, a DAZN pode rescindir. Os preços dos pacotes subiram para assinantes e restaurantes, o que tornou na época a hashtag "boycottDAZN" uma das mais compartilhadas.
Nesse cenário, a FFF pensa em ela mesma criar uma nova empresa para gerir a Ligue 1, com os clubes sendo seus sócios, um fundo criando regras financeiras e um fair play que limitaria o salário dos jogadores. Evitaria, assim, que o PSG pagasse valores fora do padrão do mercado.