Na mesma linha da Brigada Militar, o Ministério Público se posicionou contra a flexibilização da venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol no Rio Grande do Sul. Pelo projeto aprovado na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (18), que modifica a lei em vigência desde 2008, a comercialização fica liberada até o intervalo dos jogos e depois das partidas.
O promotor Márcio Bressani, da Promotoria do Torcedor, afirmou que a liberação do consumo de bebida alcoólica poderá ter repercussão na quantidade de casos de violência dentro dos estádios. Ele ainda citou um possível "desfecho tráfico" a partir da liberação:
— Não parece justo impor à Brigada Militar o ônus de ter que controlar o desfecho que pode ser trágico, violento, de uma venda de bebida alcoólica. O Ministério Público vai fazer este esclarecimento ao governador. Este é um pleito com viés econômico, e está sendo imputada aos órgãos públicos a fiscalização dos atos de violência — defendeu, em entrevista ao programa Timeline nesta quarta-feira (19).
Ainda conforme o promotor, existe impedimento legal para que o projeto passe a valer no Rio Grande do Sul. Bressani citou o Estatuto do Torcedor, a nível federal, e destacou que o projeto aprovado esvazia o objetivo principal da lei estadual que proíbe a venda de bebidas desde 2008.
A partir da entrega do projeto pela Assembleia ao Executivo, o governador terá 15 dias para sancionar ou vetar a matéria. Isso significa que, caso o governador José Ivo Sartori (MDB) não se posicione, ficará para Eduardo Leite (PSDB), a partir de janeiro de 2019, dar o aval ou não. O argumento do deputado Ciro Simoni (PDT), autor do projeto de lei, é de que atualmente os torcedores bebem antes de entrar nos locais dos jogos e, portanto, não faz diferença proibir a venda dentro dos estádios.
O comandante-geral da Brigada Militar, Mário Ikeda, já se posicionou contra o projeto e disse que, caso ele seja sancionado, pedirá aos presidentes dos clubes que contratem mais seguranças por conta própria. O presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, Gilberto Schwartsmann, também condenou a aprovação da proposta, afirmando que a decisão "é um desastre".