Uma das testemunhas do caso Daniel disse à Polícia Civil que o principal suspeito de matar o jogador, Edison Brittes, "ordenou" que ela e outros convidados limpassem o sangue na casa depois das agressões. Segundo o portal G1, a jovem de 19 anos, que se relacionou com o atleta no aniversário de Allana Brittes, prestou depoimento na segunda-feira (12).
"[...] Relatando que inclusive o colchão do casal foi cortado na parte em que havia sangue — o tecido da parte de cima, sendo que este pedaço foi queimado junto com os documentos do Daniel", diz trecho do testemunho.
A jovem afirmou ainda que não conhecia Daniel, que o beijou apenas no camarote da Shed, casa noturna em Curitiba, e que os dois conversaram assuntos "como ambos terem filhos".
De acordo com o portal, a testemunha afirmou que Daniel chegou à casa da família Brittes, sem ser convidado e que ele "não aparentava estar embriagado". Daniel, de acordo com ela, estava "tranquilo e conversava normalmente".
A jovem contou que estava dormindo antes das agressões contra Daniel começarem e que "não ouviu em nenhum momento qualquer solicitação de socorro por parte de Cris". Disse, ainda, que, em momento algum, Cristiana Brittes relatou "abuso sexual ou estupro por parte de Daniel".
Durante o depoimento, a jovem também falou que viu Cristiana Brittes chamando Allana Brittes e dizendo: "Ajuda, desce, senão seu pai vai matar o menino".
Afirmou que, pouco depois, viu Edison Brittes segurando Daniel pelo pescoço no quarto do casal e que o jogador "não falava nada". A testemunha também contou que, ao chegar ao quarto, Edison Brittes também deu tapas no rosto da mulher.
Nesse momento, conforme a testemunha, Edison Brittes mandou que a porta fosse fechada e Allana Brittes obedeceu.
Em seguida, conforme o depoimento, Eduardo Henrique da Silva, Ygor King e David Willian da Silva, os outros três presos por envolvimento no crime, entraram no cômodo.
"Que, enquanto estava na sala, ouvia de dentro do quarto Júnior dizendo 'Seu vagabundo, quem mandou mexer com mulher casada, no meu quarto, com a minha mulher'", diz trecho do depoimento.
A jovem também disse que Edison Brittes falou "que não era para pedir ajuda de ninguém" e que ela chegou a pedir para que o suspeito parasse com as agressões, mas que ele respondeu que "estava na casa dele" e que "ela não mandava" ali.
A jovem ainda relatou que viu um dos convidados, que não foi preso, pegando na cozinha a faca usada no crime.
"Uma faca grande, lisa, de cortar carne", descreveu a jovem.
A testemunha afirmou que Cristiana Brittes dizia que não era para deixar Edison Brittes fazer nada. Então, "Júnior a questionou, dizendo 'Você está defendendo esse vagabundo'", diz trecho do depoimento.
A jovem disse que, depois das agressões, Daniel foi colocado em um cobertor no porta-malas do carro. Ela não soube dizer quem acompanhou Edison Brittes no carro.
De acordo com a testemunha, quando Edison Brittes voltou, com roupas diferentes e uma garrafa de água grande, a filha questionou o que o pai tinha feito. "Júnior apenas disse 'matei ele' e Allana questionou como, mas Júnior ficou em silêncio", diz trecho do depoimento.
A testemunha também contou que Edison Brittes comentou que "havia matado o gambá" e que "não ia aguentar" Daniel Correa depois de vê-lo na cama com a mulher.
Por fim, a jovem disse que foi orientada por Edison Brittes a dizer para a polícia que Daniel tinha ido embora sem dizer nada. Contou ainda que ele pediu que ela fosse a um encontro no shopping, mas que ela não foi por medo.
Caso Daniel
O corpo do jogador Daniel foi encontrado no dia 27 de outubro, em uma plantação de pinos, em São José dos Pinhais. O jogador pertencia ao São Paulo e estava emprestado para o São Bento. O meio-campista surgiu nas categorias de base do Cruzeiro. Antes de se tornar profissional, reforçou o Botafogo, em 2013, clube pelo qual teve espaço no grupo principal e se destacou no ano seguinte. Em dezembro de 2014, chegou a conversar com o Palmeiras, mas foi reprovado nos exames médicos e foi contratado pelo São Paulo.