Amadeu Trevisan, delegado da Polícia Vicil de São José dos Pinhais, responsável pela investigação do assassinato do ex-jogador Daniel, participou do programa Timeline da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (7). Segundo o agente, há contradições em depoimentos prestados à polícia na última segunda-feira (5) de Cristiana Brittes e da filha Allana. O autor confesso do crime, Edison Brittes, será ouvido na manhã desta quarta (7).
Trevisan detalhou as informações colhidas até o momento, além de explicar os próximos passos da apuração. Confira os principais trechos da entrevista:
O inquérito está sendo muito bem estruturado, feito com bastante tranquilidade, no tempo correto. O que nós temos é que a Cristiane alega que teria sido estuprada, quando o marido entra. Mas pelos depoimentos que nós temos ouvido, ninguém ouviu ela gritar dentro da casa, ninguém ouviu ele arrombando a porta. Então, existem contradições nesta afirmação dela.
O Edison teria flagrado esta situação, aí a violenta emoção teria tomado conta. Nós rebatemos, com base nos depoimentos recolhidos até o momento. A violenta emoção é coisa de momento, de impulsividade. E logo após, ele ainda agrediu bastante o jogador, juntamente com mais três convidados que estavam na casa. O Daniel estava totalmente indefeso. Para você ter uma noção, ele tinha 13,4% decigramas de álcool no sangue, estava muito alterado. Não teve a menor reação contra este quarteto que acabou torturando ele, agredindo e levou depois para uma plantação de pinus. E ali, teriam o degolado e cortado a genitália.
Contradições
Era aniversário da filha do Edson. Eles estavam em uma boate, logo após a festa, foram para casa da família Brittes. E ali aconteceu esta tragédia que foi a morte do Daniel.
Ela (Cristiana Brittes) não confirma isso. Ela fala que houve a tentativa. Mas quando acontece isso, existe toda uma reação natural da mulher, de correr, de gritar, de sair. E nada disso ficou evidenciado nos depoimentos. Ninguém que estava na casa falou nisso.
Começam a agredir ele dentro de casa. Aí a Cristiana pede para eles saírem de lá. Tudo isso eu tenho nos áudios. Então ele é levado para fora e continua a ser chutado e espancado. É colocado no porta-malas do carro e levado até o local onde foi morto.
Execução com requintes de crueldade
Foi um excesso muito grande, um jeito muito cruel, desumano. Ele apanha muito primeiro, quando colocam o no porta-malas ele, ainda está se mexendo, segundo as testemunhas. Então ele chega vivo no local e é executado com todos os requintes de crueldade.
Devo ouvir o pai nesta manhã, além de mais algumas testemunhas. Aí vou juntar os áudios e espero terminar este inquérito policial antes do prazo, nos próximos dias.
Indiciados
Os três da família já estão indiciados por homicídio doloso, qualificado. Por que as mulheres? Elas coagiram testemunhas no curso do processo para que a versão fosse mudada. Quando a polícia descobre a primeira testemunha, e o advogado desta testemunha deu publicidade ao que realmente aconteceu, ele muda a versão para violenta emoção. Mas aí eu pergunto, como pode a violenta emoção ir além do marido? E as três pessoas que ajudaram? Estavam motivadas pelo que? A violenta emoção, em tese, seria apenas do marido, que estaria atingido, ofendido. Já temos identificadas as três pessoas que ajudaram.
Ouça a íntegra da entrevista: