Um dos colegas de Jonathan no Soledade é Pedro Afonso. Magrão, alto, olho claro, cabelo loiro, sotaque acentuado. Não tem como negar a origem alemã. Pelas feições e a posição em campo, poderia muito bem ser apelidado de Taffarel. Ri ao ouvir a comparação. É um sorriso de alívio, na verdade. Porque o 2018 do menino de Ibirapuitã, noroeste gaúcho, teve um drama que jamais imaginava passar.
Pedro é mais um dos meninos que descobriram ter talento para o futebol e conheceram boa parte do país viajando para fazer peneiras e testes para clubes grandes. Enquanto isso, mantinha a forma em equipes menores, campeonatos de várzea e futsal. Depois de desbravar o Rio Grande do Sul atrás de oportunidades, conseguiu um emprego em Santa Catarina.
Era goleiro do Imbituba, time de uma divisão inferior do Estado vizinho. Ganhou uma sequência no time. Tendo a altura e o posicionamento como virtudes, é dono da coragem típica dos goleiros. Mas houve um momento em que tudo parou.
— Um dia, senti algo estranho. Passei a mão e notei um caroço. Era um tumor no testículo — relata Pedro Afonso.
O jogador teve de parar de treinar e, temporariamente, abandonar a carreira. Fez uma cirurgia, seguida de quatro sessões de quimioterapia. Pelo menos a doença não guardava ligações com a profissão — terminado o tratamento, ele pôde voltar a jogar.
— Que bom que apareceu o Soledade. O clube que me deu a oportunidade de seguir jogando. Não posso me afastar muito ainda, preciso de cuidados relativos à doença. Então essa chance surgiu na hora certa. Mas jamais pensei em parar. Minha vida é o futebol.