Escrevi aqui sobre meu fanatismo por futebol. Assisto a todos os jogos possíveis pela tevê, mas confesso desalento diante da sequência de práticas lamentáveis adotadas por personagens que gravitam em torno da bola.
Às vezes surge uma esperança, logo minadas por artifícios de burla à lei. O VAR — o árbitro de vídeo — é novidade criada para acabar com a falsa malandragem e os erros crassos de arbitragem. O fator humano, porém, não impede falhas, como se viu na final da Copa do Brasil.
Falta ética dentro e fora do campo. Começa pela impunidade que libera torcedores violentos e inclui os preços absurdos cobrados nos bares das arenas. Em campo, os jogadores fingem que a cada disputa ocorre uma fratura, lesão grave ou agressão, quase sempre no rosto.
O VAR também deveria flagrar simulações. Quando o placar é favorável, o jogador a ser substituído pretexta dor. O carro-maca entra e o jogo para. Goleiros são campeões do fingimento. São eles que, em 90% das vezes, repõem a bola com balões desferidos fora da grande área, mas nunca são flagrados.
O agarra-agarra nos escanteios é um escárnio. Os juízes, coniventes e fingindo indignação, param o jogo para "advertir" os atores, embora a regra seja clara. Para agravar a situação raramente são marcados pênaltis. É mais cômodo marcar falta de ataque, sem complicações.
A soma de vícios atinge as mais tenras categorias de base e culmina no desempenho pífio da Seleção Brasileira, que fracassa nas competições. A cada ano uma legião de jogadores deixa do país, mas pouquíssimos têm sucesso em mercados mais exigentes, desenvolvidos e milionários.
Os clubes com boa colocação no Brasileirão arrastam multidões, mas muita gente abandonou os estádios por causa da violência somada à falta de profissionalismo dos jogadores. Mais do que vitórias, o torcedor espera um espetáculo com organizado em que haja respeito e atletas que sirvam de exemplo para as crianças que vão a campo.
Como outros problemas do Brasil o futebol carece de educação para banir comportamento condenáveis, tipo esconder bolas reservas, xingar a arbitragem à beira do campo ou provocar adversários em entrevistas coletivas. Banir essas atitudes é uma bela contribuição dos treinadores.