No dia em que Brasil e Argentina se enfrentaram em um amistoso na Arábia Saudita, resolvi escrever sobre uma polêmica que envolve o mundo do futebol. Quem é melhor, Messi ou Maradona?
Os números de Lionel Messi, 31 anos, são impressionantes. Pelo Barcelona e pela seleção, marcou mais de 600 gols, conquistou quatro vezes a Liga dos Campeões da Europa, oito vezes o Campeonato Espanhol e é tricampeão do Mundial de Clubes. Também foi eleito, em cinco oportunidades, o melhor jogador do planeta. Por muitos, é considerado um extraterrestre, tamanha a diferença de qualidade em relação aos demais. Para os torcedores do Barça, é quase um Deus.
As estatísticas de Diego Armando Maradona são menos espetaculares. El Pibe de Ouro, como era chamado pelos argentinos na época de jogador, não chegou a 500 gols. Também levantou menos taças do que Messi. Então, você poderia dizer que a polêmica está encerrada. O atual camisa 10 é melhor do que o antigo camisa 10. No entanto, para mim, e para a maioria dos argentinos, a resposta é não. A nossa preferência recai sobre o baixinho que brilhou com mais intensidade na década de 1980.
Os motivos tento explicar a seguir. O primeiro, e fundamental para os nossos hermanos, refere-se à participação de ambos em Copas. Enquanto Messi luta e não consegue levar a Argentina ao título, Maradona conduziu a seleção de seu país a duas finais e, fundamentalmente, ao título do Mundial de 1986. Nesse torneio, teve atuações memoráveis, como contra a Inglaterra, quando fez um gol após atravessar o campo a dribles e outro desviando a bola com a mão (a famosa "La Mano de Dios"). Na seleção argentina, Messi combina com desânimo e decepção. Já Maradona é lembrado como um vencedor, um guerreiro pronto para defender as Malvinas.
Mas a minha admiração pelo Pibe talvez seja influenciada pelo encantamento que o esporte desperta nas crianças. Lembro de, na infância e adolescência, assistir aos jogos do Campeonato Italiano nos domingos pela manhã. E nessa competição ninguém brilhava mais do que Maradona e seu Napoli, que tinha também os brasileiros Alemão e Careca. Acompanhar o argentino e sua canhota mágica era contemplar um gênio. Como disse o ex-centroavante Batistuta em entrevista meses atrás, "Messi até pode ser melhor tecnicamente, mas jamais será maior do que Maradona.