Na última década, palestrando ou participando de eventos de Gestão Esportiva, uma pergunta quase sempre se repetia quando o tema abordado era quadro social: "Qual a influência do resultado de campo no aumento do número de associações?"
Quando era dirigida a mim, a resposta era sempre a mesma: toda. O Cruzeiro, neste início de temporada, corrobora minha teoria. O clube mineiro contratou grandes estrelas e, a cada partida no Mineirão, tem promovido diversas ações de pré-jogo. Com as vitórias e os craques, observa-se grande presença de público a cada jogo.
Também posso citar outros dois exemplos que vivenciei.
Em setembro de 2015, no Bahia, fizemos o lançamento do novo plano de sócios. Esse lançamento ocorreu duas semanas antes de um Ba-Vi importantíssimo, pela Série B. Nos dias que antecederam o clássico, e com uma boa performance do time em outros jogos, os torcedores associaram-se maciçamente. Isso nos possibilitou sair dos 3,5 mil sócios contabilizados até então para mais de 5 mil. Lamentavelmente, o Bahia perdeu para seu arquirrival – e, para complicar, não se classificou para a Série A de 2016. Com isso, o plano de sócios patinou, com crescimento muito pequeno.
Importante ressaltar também que, em 2016, o Bahia viveu altos e baixos. Nem mesmo o acesso à
Série A, que se concretizou em dezembro daquele ano, motivou os torcedores a se associarem. Já em 2017, com a chegada às semifinais e às finais da Copa do Nordeste – torneio que acabou sendo conquistado pelo clube –, o quadro social, que em abril era de aproximadamente 11 mil sócios, saltou para mais de 15 mil. Tudo porque o time levantou a taça regional.
Fato parecido aconteceu aqui no Sul, com o Internacional, por onde também passei. O período de maior crescimento do quadro social foi registrado em 2007, quando o clube já contava com 45 mil associados, em função do Mundial de 2016. Depois, chegamos a mais de 100 mil sócios no ano do centenário, em 2009 – lembrando que este foi um período em que o Colorado ganhou muitas competições das quais participou.
Cases como esses corroboram minha teoria – sem falsa modéstia. E é por isso que concordo com o aforismo do ex-presidente da Federação Gaúcha de Futebol Emídio Perondi: "Jogo bom é igual a estádio cheio; jogo ruim é igual a estádio vazio".