Os acontecimentos no clássico entre São Paulo e Corinthians no último domingo, no Morumbi, não foram isolados. As discussões com o meia Nenê e com o técnico Diego Aguirre reforçaram uma mudança de comportamento do técnico Fábio Carille, do Timão. Visto como calmo e tranquilo por quem o cerca, o comandante vem tendo atitudes ríspidas e tem se irritado mais do que de costume.
Antes do clássico, que terminou com vitória são-paulina por 1 a 0, Carille mostrou irritação em outras ocasiões publicamente. Um exemplo foi na entrevista coletiva após a derrota de 3 a 2 para o Bragantino, no Pacaembu, no jogo de ida das quartas de final do Campeonato Paulista. O técnico não gostou de pergunta sobre o motivo de o lateral-direito Fagner ter sido substituído, poque o jogador havia feito um gesto acusando dores na coxa, razão da mudança. Antes, após a vitória por 1 a 0 sobre o Mirassol na Arena, no dia 7 de março, ironizou outro repórter na coletiva.
Internamente, as atitudes de Carille também têm sido vistas com surpresa. Quem o acompanha de perto o vê mais bravo e ofensivo em situações cujo comportamento era diferente no passado. Há a análise de que era melhor ter evitado o conflito com Aguirre da maneira como foi. Raí, diretor executivo de futebol do São Paulo, acusou o corintiano de querer criar um clima para o jogo de volta.
Contra o São Paulo, Carille se irritou com Nenê porque o são-paulino chutou a bola para fora na hora de devolvê-la no fair play — a bola estava com o Corinthians quando o jogo precisou ser paralisado. Depois, na coletiva, externou insatisfação com Diego Aguirre. O técnico do São Paulo não o cumprimentou no início do jogo, deixando o corintiano furioso.
Na entrevista, Carille disse que deu uma bronca no rival, que se defendeu afirmando que estava distraído com o jogo e por isso não reconheceu o treinador adversário. No fim, o são-paulino foi pedir desculpas, que não foram suficientes para acalmar os ânimos de Carille.
A mudança comportamental de Carille coincide com derrotas importantes. Contra o Bragantino, pela primeira vez ele saiu de campo derrotado em um jogo de mata-mata desde que assumiu o Corinthians - eram 18 jogos de invencibilidade. Já contra o São Paulo, perdeu a marca de nunca ter sido derrotado para o rival após seis jogos. De quebra, o Timão sofreu o primeiro revés para o adversário em jogo de mata-mata desde 2002.
Agora, Carille prepara o time para tirar a vantagem do São Paulo e seguir em busca do bicampeonato paulista. Nesta quarta-feira, na Arena, o Corinthians precisa vencer por pelo menos dois gols de diferença para avançar. Se vencer por um, a decisão será nos pênaltis.