O Vôlei Bauru anunciou, nesta terça-feira (5), acordo com a ponta/oposto Tiffany para o restante da Superliga. A jogadora de 33 anos é a primeira transexual brasileira a atuar no vôlei feminino após concluir o processo de mudança de sexo.
Tiffany estava treinando no clube do interior paulista desde julho, após encerrar vínculo anterior na Itália e iniciar recuperação de uma cirurgia na mão esquerda.
– O surgimento do Vôlei Bauru em minha vida foi muito legal porque, mesmo na Europa, eu sempre acompanhava os jogos. E, quando recebi o convite para vir para o time me recuperar, fiquei muito feliz e não pensei duas vezes. É um time guerreiro que luta muito e espero que possa ajudar e só somar a esta equipe tão batalhadora. Estou muito feliz com a forma que fui recebida não só pelo Vôlei Bauru, mas também com os torcedores e estou esperando que consiga desempenhar bom papel – disse Tiffany.
A goiana Tiffany nasceu Rodrigo Pereira de Abreu e já havia disputado as edições masculinas da Superliga A e B no Brasil e outros campeonatos entre homens nas ligas da Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica antes de fazer a transição de gênero, concluída quando defendia um clube da segunda divisão belga. No início deste ano, ela recebeu permissão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para competir em ligas femininas, tendo disputado a temporada pelo Golem Palmi, time da segunda divisão da Velha Bota.
A FIVB segue as normas do Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre a legislação envolvendo a participação de atletas transgêneros em competições oficiais. Em 2016, o COI permitiu a participação de homens nos eventos da entidade sem nenhuma restrição e as mulheres precisam apenas ter a quantidade de testosterona controlada para poder competir em equipes femininas. A necessidade de cirurgia de mudança de sexo não é mais necessária.
Tifanny se enquadra em ambas as regulamentações.
– A primeira era só para quem tinha feito a cirurgia, que é o meu caso, e a segunda é a que tem de estar com a taxa de testosterona abaixo de 10, que também é o meu caso. Quem não se enquadra, especialmente na taxa de testosterona, é considerado doping e pode ser punido com suspensão de dois anos das competições. Sou tratada como qualquer outra jogadora, inclusive podendo ser submetida aos exames antidoping. São leis internacionais seguidas por todas as equipes do mundo que disputam competições mundiais e olímpicas e, por isso, estou apta a jogar em qualquer país do mundo – diz a atleta.
O Bauru aguarda a regularização da documentação para definir a estreia de Tiffany. O clube corre para escalá-la diante do São Cristóvão/São Caetano no próximo domingo, no encerramento do turno da Superliga.