A decisão do Mundial, sábado, será um grande jogo. Um dos maiores do futebol gaúcho. Mas, por favor, não cometam a injustiça histórica de classificá-lo como o maior da história dos times do Rio Grande do Sul. Tampouco classifiquem os jogos de 2006 ou de 1983 como o maior. Sou torcedor do São José, e não deveria admitir isso, mas a maior partida da história dos gaúchos aconteceu em novembro de 1953, protagonizado pelo meu maior rival, o Cruzeiro, então de Porto Alegre, dentro dos domínios do Real Madrid.
O estádio, por motivos óbvios, ainda não se chamava Santiago Bernabéu, porque ele próprio era presidente do clube e já se encarregava de torná-lo o maior do mundo desde meados da década de 1940, com todas as benesses que lhe eram oferecidas pelo generalíssimo Franco. E, diante dos gaúchos, estavam nada menos do que Di Stéfano, Gento, Miguel Muñoz, Joseíto. Astros que não se incluem só no panteão do clube, ou daquele ano, mas do futebol em todos os tempos.
Talvez Cristiano Ronaldo se perpetue na classe dos eternos, mas quem mais entre os merengues de 2017? Ainda chegariam, pouco depois daquele ano, Puskas, Canário e Kopa para formar a maior seleção em uniforme de clubes que já se viu. E o Cruzeirinho arrancou um 0 a 0 jamais igualado por um clube brasileiro.
Meses depois daquele jogo, o Real Madrid faturaria o título espanhol e iria encarreirar o tetra nacional. Era o máximo que se poderia em 1953. Justamente porque, em 1955, por força do Bernabéu, com a vontade de provar que tinha o melhor time do mundo, foi criado o campeonato europeu. E aquele Real que não passou pelo Cruzeiro foi pentacampeão em sequência. Feito único, que jamais será igualado. Em 1960, novamente pela força do Real, foi criado o Mundial. E adivinhem quem venceu?
Não é desmerecimento ao que acontecerá sábado, mas não se iguala em grandeza ao capítulo já escrito na história do futebol gaúcho, 64 anos atrás.