O Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou nesta quinta-feira (23) o desligamento de Agberto Guimarães da entidade.
Há um ano, o dirigente, que era um dos homens de confiança do ex-presidente Carlos Arthur Nuzman na gestão passada, ocupava o cargo de diretor executivo de Esportes. Na ocasião, ele assumiu a vaga deixada por Marcus Vinícius Freire.
"Agberto Guimarães não é mais Diretor Executivo de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), função que exercia desde outubro de 2016. Em comum acordo, e seguindo a reestruturação assumida pela nova gestão, decidimos pelo encerramento do ciclo do profissional no COB" informou o Comitê, em nota oficial.
A saída ocorre em momento tumultuado para a entidade e de cortes de despesas. Nesta semana, uma reportagem da ESPN mostrou e-mails em que dirigentes do COB e do Comitê Rio 2016 falam sobre o pagamento de cerca de R$ 750 mil para organizar um evento de remo, o que indicaria suposta troca de favores com um membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) com poder de voto na escolha da cidade-sede dos Jogos de 2016. Segundo a publicação, esses recursos viriam da Lei Agnelo Piva, destinada à preparação de atletas.
Ex-corredor de provas de fundo do atletismo, Agberto, que era diretor do Comitê Rio 2016 na época das conversas e ainda não fazia parte do COB, teve papel decisivo na negociação, que envolvia participação das duas entidades, então presididas por Nuzman, uma vez que a Confederação Brasileira de Remo (CBR) não tinha recursos.
Agberto chega a pressionar o COB para arcar com as despesas. Os e-mails mostram até um atrito entre ele e Marcus Vinícius. O então diretor executivo de Esportes avisou, em uma das mensagens publicadas pela reportagem, que o COB não tinha condições de custear o evento, e que o dinheiro faria "muita falta na preparação do Time Brasil" para a Olimpíada.
A decisão também acontece em meio à pressão que o COB sofre de atletas e organizações da sociedade civil contrárias ao novo estatuto, aprovado na última quarta-feira, em Assembleia polêmica.
Eles esperavam ter um terço de representação nas reuniões da entidade, mas as confederações aprovaram apenas cinco nomes, e invalidaram um voto favorável à demanda dos esportistas. Este caso, no entanto, não envolveu o nome de Agberto, que não deixou de ter seus feitos elogiados pelo COB na nota sobre o desligamento.
"Atleta olímpico, medalhista pan-americano, Agberto Guimarães tem expressiva contribuição ao Movimento Olímpico brasileiro, seja nas pistas ou na gestão. Desejamos a ele sorte e sucesso em seus novos desafios", completou o COB.
Após Nuzman se demitir da presidência do Comitê, em meio às investigações que apontam participação decisiva do cartola em um esquema de compra de votos para favorecer o Rio na eleição olímpica de 2016, Agberto foi mantido na entidade pelo atual mandatário, Paulo Wanderley, e trabalhou normalmente até esta quinta-feira.