Se depender da experiência no clássico, a vantagem para o Gre-Nal 412 será azul. Além de jogar na Arena, o Grêmio tem time e técnico com maior vivência da partida entre gremistas e colorados. A começar pela casamata. Renato Portaluppi vai para o seu oitavo clássico como treinador do Grêmio – sem contar os 14 jogos com a camisa 7. Antônio Carlos Zago disputará o seu primeiro Gre-Nal. Como zagueiro, jamais esteve no clássico. Mesmo que tenha um time em formação, e que haja a possibilidade de ele ficar sem D'Alessandro – o seu mais experiente jogador-Gre-Nal no clássico – Zago pode contar com a mística da partida em sua primeira vez.
– Qualquer um pode ganhar o clássico. Porque ninguém entra no Gre-Nal "muito mal". Mesmo que um time esteja consolidado e que o outro ainda não, há sempre a superação. É claro que Renato tem muito mais experiência em Gre-Nais, mas Zago é um cara rodado – aponta Vanderlei Luxemburgo, treinador do Grêmio em quatro Gre-Nais nas temporadas 2012 e 2013.
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O primeiro Gre-Nal de Luxemburgo foi marcante. Apesar da derrota por 2 a 1, na semifinal do Gauchão, partida que alijou o Grêmio das finais contra o Caxias, o treinador entrou para a história ao paralisar o jogo para brigar com um dos gandulas. Na época, o Inter de Dorival Júnior tinha uma combinação para que a bola fosse reposta com grande velocidade, sobretudo nos escanteios cobrados por Dátolo.
– Eles tentaram repor a bola rápido em um escanteio e não tive dúvidas: fui cobrar. Havia sido acordado com a Federação que o Inter não faria aquilo. Vi que o gandula faria aquilo e pensei: "vou criar uma confusão". Criei e eles (Inter) nunca mais fizeram aquilo – recorda Luxemburgo, que acabou expulso pelo árbitro Márcio Chagas da Silva.
Para Luxemburgo, ainda que o primeiro clássico do ano seja válido pela fase de classificação do Campeonato Gaúcho, ele pesará sobre o treinador derrotado – mesmo que, no caso do Grêmio, haja a estreia na Libertadores logo após o clássico.
– O Gre-Nal sempre foi um clássico com muita emoção e com muita disputa. O treinador precisa entender isso. Você toma decisões pela importância dos torneios. Tive de optar pela Libertadores em alguns Gre-Nais de 2013. Sabíamos das consequências e, mesmo assim, quando perdemos, doeu demais – diz o técnico. – No caso do Grêmio, que já enfrentará o Zamora na quinta-feira: os jogadores disputarão o Gre-Nal pensando na Libertadores. O jogador acaba se poupando de maneira inconsciente. Ele projetará a cabeça para o jogo mais importante. Não é corpo mole, é humano – acrescenta Luxemburgo.
Veterano no clássico, Cláudio Duarte disputou Gre-Nais como jogador e como treinador – dos dois clubes. Já vivenciou todos os dramas e alegrias do clássico em azul e vermelho. Por experiência própria, sabe que o técnico que perder o jogo só terá continuidade se a direção tiver convicção em seu trabalho.
– Na minha estreia como técnico do Inter, levei 3 a 1 em casa, num Gre-Nal. Tive um bom suporte depois daquela derrota e emendei 17 clássicos de invencibilidade (comandando Inter e Grêmio) depois daquilo. Se Zago e Renato tiverem este apoio interno, o Gre-Nal não representará nada em caso de insucesso – afirma Cláudio. – Por vezes, um treinador vence o clássico e se ilude. A derrota gera estresse, te deixa na pressão por um tempo, mas te faz refletir e pode dar frutos. Mesmo a derrota, desde que bem administrada, pode surtir efeitos positivos. Mas é claro que, pela rivalidade, vencer o Gre-Nal representa muito. E você passa a ser mais respeitado – emenda.
Muricy Ramalho disputou sete Gre-Nais. Estreou em um jogo emblemático. O Inter não vencia há 13 clássicos e ganhou de virada, por 2 a 1, no Olímpico.
– Aquele Gre-Nal foi um divisor de águas porque as pessoas passaram a confiar no trabalho. Depois, acabamos campeões gaúchos. Mas podia ter dado tudo errado, se perdêssemos aquele jogo – recorda o ex-treinador. – Era uma situação muito parecida com a de hoje. O Grêmio que eu enfrentei era um timaço, pronto, muito mais experiente. E nós tivemos que reformular tudo no Inter quando cheguei. Tive de subir meninos da base rapidamente. Foi na superação – segue Muricy.
Foi Muricy Ramalho quem montou o embrião do Inter que seria campeão da Libertadores e do Mundial, em 2006, com Abel Braga. Para ele, Antônio Carlos Zago está no caminho certo ao reconstruir o Inter e terá o Gre-Nal como uma prova de fogo.
– Às vezes, você tem o melhor time e um elenco que está junto há mais tempo. Mas, em um clássico, isso não quer dizer muita coisa. Os jogadores se superam nesses momentos. E a equipe que está em formação, tem muita vontade – alerta Muricy.
O futuro de Portaluppi e de Zago na temporada começará a ser contado nesse sábado, a partir das 18h30min, na Arena.
* ZHESPORTES