Sou um corredor medíocre. Literalmente. No começo, foi falta de opção. Nunca consegui subir em um pódio. Nunca. Lá no começo, tentei. Suava para baixar cada segundo. Depois, desisti. Fracasso ou sucesso também é questão de ângulo do olhar. Na Maratona de Nova York, cheguei na frente de 20 mil corredores. Mas atrás de outros 22 mil.
Hoje, minha recompensa é outra. Quero correr até os 70 anos. Por isso, meu planejamento é sempre conservador.
Esse ano, na Volta à Ilha de Florianópolis, fiz a largada. Quatro e quinze da manhã. Na Beira Mar Norte, um corredor de Minas Gerais me alcançou. Começamos a conversar. Ele tinha muito mais preparo do que eu. Tanto que, sem me conhecer e só pelo prazer da parceria, foi me puxando até a linha de chegada. Quando eu crescer quero ser assim. Generoso.
Só tem uma coisa que eu não suporto. Tem gente que guarda o último gás para se exibir pra torcida nos metros finais. Tá bem, também já fiz. Mas não faço mais. Descobri que o coração pode se confundir com a mudança abrupta de ritmo. Mas se alguém tenta me ultrapassar perto da chegada e eu ainda tiver fôlego, ahh, acelero levemente. Não é sprint. Mostro os dentes, mas não mordo.
Ser medíocre na corrida não é vergonha. Ao contrário. Tenho orgulho de ter me livrado da pressão do tempo. É libertador. É uma conquista. É assim que, na corrida, sou feliz.
COMO PARTICIPAR
32ª Maratona Internacional de Porto Alegre
Quando
14 de junho
Inscrições
até 4 de junho pelo maratonadeportoalegre.com.br _ por R$ 95 até hoje (após o valor será de R$ 105).
Modalidades
individual (42,195km), rústica (3km, 5km e 10km), revezamento (dupla, quarteto ou octeto) e maratoninha
*ZHESPORTES