Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), pode assumir a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) caso o atual mandatário da entidade, Marco Polo Del Nero, esteja envolvido na investigação das denúncias sobre membros do alto escalão da Fifa. No entanto, Delfim acredita que não será necessário assumir o cargo (leia entrevista a baixo).
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O presidente da CBF é um dos suspeitos de estar envolvido na divisão de propina com José Maria Marin, ex-presidente da CBF, pela exploração comercial da Copa do Mundo de 2014 - o que levou a detenção de Marin pelo FBI na Suíça na última quarta-feira.
Del Nero não tem seu nome citado nos documentos da investigação divulgados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, porém um dos suspeitos é descrito como membro do alto escalão da Fifa, Conmebol e da CBF - detalhamento que bate com as credenciais do presidente da CBF, que também faz parte dos comitês executivos da Conmebol e Fifa.
Caso essa suspeita seja confirmada, o atual mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro Del Nero pode ser afastado do cargo de comando da CBF, como aconteceu com José Maria Marin - que era um dos vice-presidentes da entidade brasileira. Assim, a presidência ficaria a cargo de Delfim Pádua Peixoto Filho, presidente há 30 anos da Federação Catarinense de Futebol (FCF).
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O presidente da FCF assumiu no dia 16 de abril, na chapa de Del Nero e Marin, um dos cinco cargos de vice-presidente da CBF. Segundo o estatuto da entidade, no artigo 37, se "houver vacância do cargo de presidente em qualquer momento, completará o período o vice-presidente mais idoso". O mais idoso era José Maria Marin, sem ele essa responsabilidade cai sobre Delfim Pádua Peixoto Filho, que tem 74 anos.
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O estatuto ainda completa que novas eleições só ocorreriam em caso de todos os membros da presidência (o presidente e mais os cinco vices) não pudessem assumir o cargo.
Confira entrevista com o presidente da FCF
"Não pensem que estou igual a urubu na carniça"
Diário Catarinense - Agora o senhor é o primeiro na sucessão da presidência da CBF. Como vê a possibilidade de assumir o cargo?
Delfim Pádua Peixoto Filho - Eu nunca pensei e quis ser vice-presidente da CBF. Durante dois mandatos na época do Ricardo Teixeira poderia ser vice e não aceitei. Muito menos pensei em ser presidente da CBF. É uma coisa que nunca imaginei. Não tenho ambição nenhuma de ser presidente da CBF. Agora vamos a fatos concretos. O Marin está indiciado e ninguém pode ser considerado culpado antes que haja uma sentença julgada. Lógico que enquanto não for comprovado definitivamente, nós temos que - por questão de humanidade -, dar um auxilio, uma solidariedade. Não podemos dizer que uma pessoal que foi amiga nossa durante 50 anos deixou de ser amiga. Não é assim.
DC - Mas se ele for culpado?
Delfim - Se ele praticou um mal feito tem que pagar, como qualquer outra pessoa. Se ele praticou realmente, tem que pagar. Dizem que o relatório do FBI aponta outros, se outros praticaram também tem que pagar. Agora, não pensem que estou igual a urubu na carniça, torcendo. Porque nunca ambicionei ser presidente da CBF. É um cargo muito difícil. Já estive lá dentro e sei disso.
DC - Como vê toda essa situação?
Delfim - Eu torço para que isso seja uma nuvem que passa e depois tudo se esclareça. Que seja um pesadelo. Mas o seguinte, eu não posso falar em assumir porque não existe isso. O presidente é o Marco Polo e ele volta ao Brasil. Vamos ver as atitudes que ele vai tomar do caso. E vamos tentar melhorar da melhor maneira o futebol brasileiro, mas não vamos esconder nada debaixo do tapete. O que tem de errado tem que ir a público e ficar claro.
Ontem eu dei uma entrevista e ou me expressei mal ou entenderam errado a minha posição. Eu disse que pelo o conhecimento que tenho Marin há mais de 40 anos nunca soube nada que manchasse a conduta política dele. Porque eu conheci ele como político, quando eu era deputado estadual e ele adversário político. Eu era MDB e ele apoiava a ditadura. Eu era contra a ditadura.
DC - O que o senhor disse?
Delfim - Eu devo ter usado a expressão "boto a mão no fogo". Mas eu quis dizer que a princípio será uma surpresa muito grande se comprovar esses fatos. Eu não apoio de maneira alguma a corrupção e mal feitos. Quando disse que apoiava ele era no sentindo do ser humano. Porque já vi muita gente ser acusada e depois absolvida e a opinião pública continua chamando o cara de assassino e ladrão. Isso é um mal que existe no pais e no mundo. Julgasse antes de tudo provado e a pessoa fica marcada pelo resto da vida. Isso eu não concordo.
DC - Mas se a presidência cair no seu colo, o senhor assume?
Delfim - Eu acho difícil que caia no meu colo. Temos uma presidente ainda. Esperamos que nada haja contra ele para continuar o trabalho de renovação, que ele propôs. Espero que não aconteça e que eu não ter que assumir. Mas se acontecer alguma coisa vou me reunir com o colégio de vice-presidentes, com a diretoria e com o maior poder da CBF, que é a assembleia geral. Vou conversar um por um para ver a posição que vou tomar. Não vou, como dizem por aí, atrás da carniça como o urubu.
DC - O senhor diz que não queria ser vice-presidente, então por que aceitou desta vez?
Delfim - Os presidentes de federações, principalmente do Norte e Nordeste, queriam muito que eu fosse. Depois o próprio Marin e o Marco Polo acharam que eu ainda não tinha sido vice-presidente e que sou um dos mais antigos e tinha algo a acrescentar. Eles pediram para eu aceitar e aceitei para colaborar. Se eu fosse o primeiro na linha secretória eu não teria aceitado. Eu nunca quis sair de Santa Catarina. Fui deputado estadual três vezes, duas vezes o mais votado, e nunca quis ser federal para não sair de Santa Catarina. Eu gosto do meu Estado e é onde moro. Mas não é por isso que eu não vá cumprir o dever se ele aparecer na minha frente.
Sem essa
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