Depois de a quinta-feira (2), o primeiro dia de maior movimento de torcedores no Rio de Janeiro para final da Libertadores, ter sido marcado por brigas entre torcedores de Boca Juniors e Fluminense, a Conmebol convocou uma reunião de emergência para o final da manhã desta sexta-feira. Estarão presentes representantes da entidade, dos dois clubes, da CBF e da AFA e de órgãos de seguranças.
Os maiores casos de confusão ocorreram pela tarde na praia de Copacabana. Homens apontados como integrantes de torcidas organizadas do Fluminense atacaram argentinos que estavam no local. Houve revide e intervenção da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ).
Entre os argentinos houve reclamação de maus tratos por parte da PM-RJ às pessoas que não estavam na confusão. A diretoria do Boca Juniors convocou uma reunião com a cônsul argentina no Rio de Janeiro, Ana Sarrabayrouse, para tratar sobre o tema segurança.
A preocupação da Conmebol é que mais brigas possam ocorrer nesta sexta-feira e, principalmente no sábado, que já estarão no Rio de Janeiro membros da barrabrava do Boca, como são conhecidos os torcedores organizados mais violentos na Argentina.
Manhã tranquila no Maracanã
Após as confusões registradas na quinta, o clima ao redor do Maracanã na manhã da véspera da final era de tranquilidade com argentinos convivendo em meio aos brasileiros. Eles, no entanto, relataram preocupação com a segurança para o dia do jogo.
Natural de Buenos Aires, Daniel Morales lamentou as confusões e relatou que, apesar dos problemas, é favorável a final em jogo único.
— Isso aqui é para ser uma grande festa do futebol. Um grande jogo em um estádio mítico como o Maracanã. Nos preocupa esses casos porque os relatos são de que a polícia foi violenta com argentinos que nem estavam brigando — afirmou.
Diferente de Morales, que veio da capital argentina de avião e tem ingresso para a final, Carlos Carillo, de 65 anos, viajou dois dias de carro e ainda busca ingresso para a decisão. Acompanhado do amigo Hugo, ele lembrou que a violência no futebol é um problema recorrente também na Argentina, onde já deixou de ir a jogos por medo de brigas.
— A última vez que fui em uma final na Bombonera foi em 2001 contra o Cruz Azul. Fui em 1962, ainda criança com o meu pai, quando perdemos para o Santos do Pelé. Depois ia e levava meu filho, mas me afastei pela violência — contou Carillo, que também veio de Buenos Aires.
Boca Juniors e Fluminense duelam pelo título da Libertadores de 2023 a partir das 17h deste sábado (4), no Maracanã. Essa será a segunda decisão no Rio de Janeiro desde que a Conmebol implementou a final em jogo único, mas a primeira com público. Em janeiro de 2021, o Palmeiras derrotou o Santos sem torcida por conta da pandemia.